sábado, 16 de junho de 2007

LITURGIA LUTERANA

CULTO LUTERANO

Para iniciar, é importante definir o que seja "culto". Sinteticamente, culto é "o encontro da comunidade com Deus". Esse encontro só é possível porque Deus permite e reúne a comunidade. Não é a comunidade que convoca, mas Deus se coloca à disposição (Mt 18.20) e foi Ele que ordenou que esse encontro acontecesse (1 Co 11.24 e 25). Deus ordena e vem ao encontro da comunidade no culto. Não só o/a pastor/a, mas também comunidade toda é responsável para que seja um bom encontro com Deus. O/A pastor/a ajudam a comunidade a celebrar o culto, a celebrar o encontro com Deus. A liturgia é justamente o "conjunto de elementos e formas através dos quais se realiza esse encontro" (Nossa liturgia: das origens até hoje. Fascículo 1).

A Confissão de Augsburgo, texto base da confessionalidade luterana, diz em seu Artigo VII que não é "(...) necessário que as tradições humanas ou os ritos e cerimônias instituídos pelos homens sejam semelhantes em toda a parte". Portanto, não é a afirmação rígida de uma mesma forma de culto que garante a unidade da igreja. Para isto, afirma o mesmo artigo, "(...) basta que haja acordo quanto à doutrina do evangelho e à administração dos sacramentos".
Esse elemento da confessionalidade luterana permitiu, ao longo dos séculos, liberdade e criatividade nas formas litúrgicas na família luterana. Assim, as igrejas luteranas dos estados territoriais da Alemanha desenvolveram suas formas litúrgicas sem se preocupar em ter uma proposta comum. O caso do luteranismo brasileiro tem uma história peculiar, pois as comunidades de origem alemã foram adotando as tradições litúrgicas das igrejas de origem dos pastores que foram vindo para o Brasil. Em grande parte, as comunidades adotaram a Agenda Litúrgica da Igreja Evangélica na Prússia, que já era uma igreja resultante da fusão de protestantes de origem reforma e luterana. Também a veste litúrgica (Veste Talar) em uso na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) é uma herança da Igreja Evangélica na Prússia. Outras comunidades adotaram a Agenda Litúrgica da Igreja Evangélico-Luterana na Baviera. As comunidades do Espírito Santo adaptaram da Agenda Litúrgica para as Comunidades Evangélico-Luteranas seu modelo litúrgico. Não obstante essas formas litúrgicas que, mais que história, representam uma herança e uma tradição, a IECLB vem buscando traduzir essa herança e tradição em propostas litúrgicas mais atuais, mais contextuais e, ao mesmo, alicerçadas na herança comum do cristianismo. Duas preocupações norteam as novas propostas: manter a abertura ecumência para que novas formas litúrgicas não signifiquem mais enclausuramento confessional e manter a liberdade criativa das comunidades a fim de que preservem sua autonomia litúrgica e contextualidade.

A ordem do culto no brasil
A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) aprovou no XXII Concílio da Igreja, em outubro de 2000, em Chapada dos Guimarães, MT, a seguinte ordem de culto:
liturgia de abertura
Sino - Prelúdio
Acolhida
Cântico de entrada
Saudação (apostólica ou trinitária)
Confissão de pecados (de várias formas)
Kyrie Eleison (lamento pelas dores do mundo)
Glória in excelsis (louvor)
Oração do dia

liturgia da palavra
Leituras bíblicas (Lecionário)
Cânticos intermediários
Pregação (interpretação)
Confissão de fé
Comunicações (que implicam a oração da Igreja)
Oração de intercessão
(Se for culto da Palavra passa para o Pai-Nosso, avisos, benção, envio, hino. Neste caso, as ofertas podem ser recolhidas após o Credo)
liturgia da eucaristia
Preparo da mesa e ofertório (levar elementos da Ceia e recolher as ofertas)
Oração do ofertório
Oração Eucarística
Pai-Nosso
Gesto da paz
Fração
Cordeiro de Deus
Comunhão
Oração pós-comunhão

liturgia de despedida
Avisos comunitários
Benção
Envio
Hino

Essa proposta é um "esqueleto" mínimo que, ao mesmo tempo que cria um sentimento de pertença para membros que visitam outras comunidade da IECLB em outras localidades do país, garante a liberdade litúrgica das comunidades.


domingo, dia do culto

Conforme o testemunho bíblico, ao ser humano cabe trabalhar seis dias e descansar no sétimo. Não só o ser humano descansa, mas toda a criação. Descansar completa a suprema dignidade de tudo o que foi criado. Deus não criou apenas para ser gasto, usado, consumido e explorado, mas, e principalmente, para fruir, para saborear.
Este "dia de descanso" de tudo o que foi criado por Deus foi desde sempre santificado e chamado "dia do Senhor". O "dia do Senhor" é, portanto, oferta generosa do Criador para que toda a sua criação se recupere, restabeleça-se em todos os sentidos para a luta do do dia-a-dia. Assim, toda a criação repousa e dedica-se em gratidão ao Criador de toda a vida.
Para as primeiras comunidades cristãs o primeiro dia da semana, o domingo, tornou-se o "dia do Senhor", pois nesse dia deu-se o evento central da fé cristã, a ressurreição. Na ressurreição de Cristo, Deus coloca o horizonte a que se destina toda a criação: a redenção (Rm 8.18-25). Cristo é o "cabeça", o Senhro da Igreja. Por isso, os luteranos entendem, que o domingo é o dia apropriado para o descanso da criação e para render culto a Deus, celebrando em antecipação a glória futura a que toda a criação está destinada.


música

O canto
O canto é uma das marcas da tradição luterana, principalmente o canto comunitário. A Reforma, em suas propostas litúrgicas, estimulava a participação da comunidade com o canto. Lutero mandou imprimir o primeiro hinário em 1524. Ele mesmo compôs vários hinos, entre eles o "Castelo Forte" - o hino da reforma.
Hinários
O hinário em uso hoje na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) chama-se Hinos de Povo de Deus (HPD) e tem 306 hinos. Nesse hinário temos hinos que vão do século XVI ao século XX. Muitos desse hinos são "clássicos" da hinologia luterana e certamente estão na base da espiritualidade das comunidades. Cantá-los evoca o sentimento de pertença à família luterana e ao Povo de Deus. Na segunda metade de 2001, a IECLB lançou o Hinos de Povo de Deus 2 com 185 hinos novos. Com mais esse hinário, a IECLB acolhe hinos mais recentes e que, de alguma forma, já haviam sido incorporados ao dia-a-dia das comunidades.

Além desses hinários oficiais, as comunidade, os setores de trabalho e os movimentos dentro da IECLB têm a liberdade de lançar coletâneas de hinos mais identificados com sua proposta e sem o compromisso de oferecerem hinos para todos os períodos do ano litúrgico. Para ficar só dois exemplos de circulação nacional, citamos o "Cantarei ao Senhor" (vários volumes) e "O povo canta", que procura oferecer subsídios e hinos para todo o ano litúrgico.
Acompanhamento musicalO canto comunitário é tradicionalmente acompanhado de orgão ou harmônio. Entretanto, o canto tem renovado sua linguagem e também as possibilidades de acompanhamento. Hoje já encontramos comunidades onde o canto se faz acompanhar de piano, violão ou bandas. Uma forte característica das comunidades luteranas é o canto coral. Em momentos especiais ou reforçando a celebração dominical, o coral enriquece o louvor da comunidade.
Fonte: Site da IECLB

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