quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Liturgia da Palavra para os Domingos da Quaresma - Anos A,B e C

 


Liturgia da Palavra para os Domingos da Quaresma

 

Domingos

Ano A

Ano B

Ano C

1º Domingo

Tentação

Gn 2.7-9, 3.1-7 / Sl 51.1-17 / Rm 5.12-19 / Mateus 4.1-11.

Gn 9:8-15; Sl 25:1-10; 1 Pe 3:18-22; Mc 1:12-15

Dt 26.4-10 / Sl 91 / Rm 10.8-13 / Lc 4.1-13.

2º Domingo

Transfiguração

Gn 12.1-4 / Sl 33 / II Tm 1.8-10 /Mateus 17.1-9

Gn 22.1-18; Sl 116; Rm 8.31-34; Mc 9.2-10

Gn 15,5-12.17-18 / Sl 27 / Fp 3.17-4.1 / Lucas 9.28b-36

3º Domingo

Êx 17.3-7 / Sl 95.1-11 / Rm 5.1-8 / João 4.5-29, 39-42

Êx 20.1-17; Sl 19.7-11 (Refrão Jo 6.68) / I Co 1.22-25 / Jo 2.13-25

Êx 3,1-8, 13-15 / Sl 103 / I Co 10.1-6,10-12 /  Lc 13.1-9

4º Domingo

(Laetare)

I Sm 16.1-13 / Sl 23.1-6 / Ef 5.8-14 / João 9.1-41

II Cr 36.14-16, 19-23; Sl 137.1-6; Ef 2:4-10; Jo 3:14-21

Js 5.9, 10-12./ Sl 34 / II Co 5.17-21/  Lc 15.1-3,11-32.

5º Domingo

Ez 37.12-14 / Sl 130 / Rm 8.8-11 / João 11.1-45

Jr 31.31-34; Sl 51.1-15; Hb 5.7-9; Jo 12.20-33

Is 43.16-21 / Sl 126.1-6 / Fp 3.8-14 / Jo 8.1-11.

Ramos da Paixão

Is 50.4-7 / Sl 22.8-9,17-24 / Fl 2.6-11 / Mateus 26.14 - 27.66 (procissão: Mateus 21.1-11)

 

Is 50.4-7; Salmo 22; Fp 2.6-11; Mc 14.1-15.47 (procissão: Marcos 11.1-11)

Is 50.4-7; Sl 22.1-24 / Fp 2.6-11 / Lc 22.14-23.56. (procissão:  Lucas 19.28-44).

 

sexta-feira, 10 de março de 2023

Salmo da Capela do Mosteiro Terra Santa - Capela da Transfiguração do Senhor.

 

SALMOS 84

1Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos!

2A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo!

3O pardal encontrou casa, e a andorinha, ninho para si, onde acolha os seus filhotes, perto dos teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu!

4Bem-aventurados os que habitam em tua casa; louvam-te perpetuamente.

5Bem-aventurado é aquele cuja força está em ti, em cujo coração se encontram os caminhos aplanados!

6Quando passa pelo vale árido, faz dele um manancial; de bênçãos o cobre a primeira chuva.

7Vão indo de força em força; cada um deles aparece diante de Deus em Sião.

8 Senhor, Deus dos Exércitos, escuta a minha oração; ouve-me, ó Deus de Jacó!

9Olha, ó Deus, escudo nosso, e contempla o rosto do teu ungido.

10Pois um dia nos teus átrios vale mais que mil; prefiro estar à porta da casa do meu Deus a permanecer nas tendas da perversidade.

11Porque o Senhor Deus é sol e escudo; o Senhor dá graça e glória; não recusa nenhum bem aos que andam retamente.

12Ó Senhor dos Exércitos, feliz é aquele que em ti confia.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Campanha da Quaresma 2023

 


Campanha da Quaresma 2023

 

A Quaresma

A Quaresma é a primeira campanha de Oração da Igreja Primitiva.

É mencionada pela primeira vez no Concílio de Nicéia em 225 d.C.  

Foi criada a partir de duas práticas: O longo jejum judaico anterior à Páscoa e o período de preparação para o batismo dos cristãos.

Desde o II século o candidato ao batismo esperava três anos para ser batizado. O batismo ocorria duas vezes ao ano, no dia da Páscoa e no dia da Epifania.

Na Sexta feira santa o candidato ao Batismo ia à igreja e colocava as roupas dos neófitos. Ali ficava em jejum até o Domingo da Ressurreição onde era batizado nu, em geral, por derramamento (homens e mulheres em locais separados).

O número quarenta foi determinado pela duração do jejum do Senhor Jesus no deserto. A quaresma termina na véspera da Quinta-feira Santa e a contagem de 40 dias não contempla os domingos. Ela nos prepara para o Tríduo Pascal, o centro da nossa celebração.

 

Jejum, Abstinência, Oração e Esmolas

            Para esta quaresma 2023 estamos propondo um caminho de Jejum e Abstinência, Oração e Esmola.

 

a)      Jejum: Jejum todas as sextas-feiras até às 12 horas. Os enfermos podem fazer apenas 30 minutos de jejum (Mateus 6.16-18). Podem beber água. Só não podem ingerir nenhum alimento.

b)      Abstinência: carne e peixe (e seus derivados), açúcar (e seus derivados), frituras e refrigerantes (e bebidas gasosas). (Caso haja necessidade, solicite ao seu médico permissão para fazer estas abstinências).

c)      Oração: Quatro vezes ao dia: manhã, ao meio dia, a tarde e a noite (Laudes, média, vésperas e completas) (Mateus 6.5-15).

d)      Esmola: Faça sigilosamente uma ação concreta em prol de alguém ou alguma instituição de caridade (Mateus 6.1-4).

 

Propósito da Quaresma:

            Oração por nossa vida pessoal, pela igreja onde congregamos e pela Igreja de Deus no mundo, para que sejamos resposta de Deus para o mundo que sofre. Pra que aja um grande avivamento em nossas vidas.  

 

Duração:

            Da quarta-feira de cinzas: dia 22 de fevereiro de 2023 até o inicio da vigília Pascal (ao por do sol do dia 08 de abril de 2023).

 

Tema da Quaresma 2021:

            “Rasgai o vosso coração”!

 

Base Bíblica:

Joel 2.13-23

 

Material utilizado para as devocionais:

Retiro da Quaresma e da Semana Santa – Edson Cortasio Sardinha - Observação: Começa a leitura na quarta-feira de cinzas.

           

Você que fará esta caminhada de oração conosco, por favor, nos informe no privado do Whatsapp (22) 98851-1946. Toda a quaresma precisa ser sigilosa e em oração.

 

 

 

 

Solene Oração pelo Início da Quaresma Baseada nos Escritos dos pais da Igreja

 



Solene Oração pelo Início da Quaresma

Baseada nos Escritos dos pais da Igreja

 


Introdução: [1]

E nós, meus irmãos, nós que recebemos do Invencível Combatente as sagradas práticas da Quaresma, saibamos repelir os desejos da carne e mortificar o corpo com jejuns, a fim de que cresçam as virtudes na nossa alma. Jejum das funestas paixões e prazeres, jejum de toda a injustiça, jejum do odioso espírito de rivalidade. Renunciemos, meus irmãos, aos festins, mas renunciemos mais ainda aos nossos vícios. Saibamos escolher a temperança. Abster-nos do vinho, a fim de que saibamos resistir à embriaguez dos prazeres. De que nos servirá, com efeito, jejuar durante quarenta dias se não respeitarmos a lei do jejum? De que nos serve fugir aos banquetes, se ocuparmos em discórdias os nossos dias? De que nos serve não comer o pão que nos cabe, se tirarmos a comida da boca do pobre? O jejum para o cristão que escolhe as privações deve ser alimento espiritual. O jejum para o cristão deve preparar a paz e não as lutas. De que te serve não comer carne, se da tua boca se soltam injúrias piores que qualquer alimento? De que te serve santificar o estômago com jejuns, se as mentiras te mancham a boca? Em verdade te digo, meu irmão, que não tens o direito de entrar na Igreja se continuas enredado e envolvido nas malhas mortais da usura voraz, que não tens o direito de invocar o teu Senhor se as tuas orações vêm do teu coração invejoso; que não tens o direito de bater no peito se nele se escondem os teus maus desejos. A moeda que deres ao pobre só será justa, quando fores pobre também. Eis, irmãos muito amados, a verdadeira fome religiosa, eis o alimento das almas tementes a Deus. As almas que santificaram o jejum pela castidade, que o tornaram alegre pela caridade, que o aformosearam pela paciência, que o acalentaram

pela bondade, que lhe deram o seu justo preço pela humildade. Meus irmãos, vivamos a Quaresma de Cristo com todas as nossas forças e, pela prática daquelas virtudes, façamos que seja nossa, pelos dois gêmeos jejuns do corpo e do espírito, a graça divina. Amém (Máximo de Turim (380-465) – As práticas Quaresmais).

 

Adoração:

Nós, os novos batizados, os filhos do batistério que acabamos de receber a luz, damos-Te graças, Cristo Deus. Tu iluminaste-nos com a luz do Teu rosto, Tu revestiste-nos com a veste que convém às Tuas núpcias (Sl 4, 7; Mt 22, 11). Glória a Ti, glória a Ti, porque tal foi do Teu agrado.  Quem dirá, quem mostrará ao primeiro homem criado, Adão, a beleza, o brilho, a dignidade dos seus filhos? Quem contará também à infeliz Eva que os seus descendentes se tornaram reis, revestidos de uma veste de glória, e que com grande glória glorificam Aquele que os glorificou, brilhantes de corpo, de espírito e de veste? […] E quem os exaltou? Foi, evidentemente, a sua Ressurreição. Glória a Ti, glória a Ti, porque tal foi do Teu agrado. […] Tu és brilhante e radioso, Adão. […] Ao ver-te, o teu adversário definha e exclama: Quem é este que vejo? Não sei. O pó foi renovado (Gn 2, 7), as cinzas foram divinizadas. O pobre doente foi convidado, foi refrescado, entrou e sentou-se à mesa, foi conduzido ao banquete e tem a audácia de comer e o desplante de beber Aquele que o criou. E quem Lho deu? Foi, evidentemente, a sua Ressurreição. Glória a Ti, glória a Ti, porque tal foi do Teu agrado. Esqueceu as suas culpas antigas, não ostenta a menor cicatriz dos primeiros ferimentos. Abandonou os seus longos anos de paralisia na piscina, como tinha feito o paralítico, e deixou de trazer o leito aos ombros, mas traz às costas a cruz Daquele que teve piedade dele […]. Outrora, o Amigos dos homens lavou muitos homens nas águas, mas eles não brilharam assim; àqueles, porém, a Ressurreição tornou-os luminosos. Glória a Ti, glória a Ti, porque tal foi do Teu agrado. […]. Eis-te recriado, novo batizado, eis-te renovado; não curves as costas ao peso dos pecados. Possuis a cruz como cajado, apóia-te nela. Leva-a à tua oração, leva-a para a mesa, leva-a para o leito, leva-a para todo o lado como título de glória. […] Grita aos demônios: Com a cruz na mão, ergo-me, louvando a Ressurreição. Glória a Ti, glória a Ti, porque tal foi do Teu agrado (Romano, o Melodista (490-556) – A Quaresma é o caminho da renovação).

 

Confissão:

Meu Deus, na Tua compaixão
derrama sobre mim o olhar do Teu amor
E recebe a minha ardente confissão.

Pequei mais do que todos os homens,
pequei só contra Ti, Senhor;
faz-me participar da Tua misericórdia,
meu Salvador, porque me criaste. […]
Meu Redentor, manchei a Tua imagem e semelhança (Gn 1, 26), […]
desfiz em farrapos o vestuário de perfeição
que o próprio Criador fabricou para mim e estou nu;
em seu lugar quis usar uma farpela rasgada,
obra da serpente que me seduziu (Gn 3, 1-5). […]
Fiquei fascinado com a beleza
da árvore que traiu a minha inteligência:
agora estou nu e coberto de vergonha. […]

O pecado me revestiu de túnicas de pele (Gn 3, 21),
agora que fui despojado
das vestes tecidas pelo próprio Deus. […]
E, como a prostituta, grito:
pequei contra Ti, só contra Ti.
Ó Salvador, acolhe as minhas lágrimas,
como aceitaste o perfume da pecadora (Lc 7, 36 ss.)

E, como o publicano, grito:
tem piedade de mim, ó Salvador.
Perdoa-me, porque de toda a descendência de Adão
ninguém pecou como eu. […]
Prostrado como Davi,
estou coberto de lama;
Mas assim como ele se lavou nas próprias lágrimas,
lava-me Tu também, Senhor!

Ouve os gemidos da minha alma
e os suspiros do meu coração;
acolhe as minhas lágrimas
e salva-me, meu Redentor.

Porque Tu amas os homens
e queres que todos se salvem.
Faz-me voltar à Tua bondade
e nela me recebe,
porque estou arrependido  (André de Creta  (650-740), monge e bispo  - Grande Cânon da Liturgia Bizantina da Quaresma).

 

Louvor:

Naamã era sírio e estava leproso, sem que ninguém o pudesse curar. Então, uma jovem prisioneira disse-lhe que havia em Israel um profeta que podia curá-lo da lepra. […] Já é tempo de descobrires quem era aquela jovem prisioneira. Era a figura da assembleia mais nova de entre as nações, isto é, da Igreja do Senhor. Antes, quando não possuía ainda a liberdade da graça, fora humilhada pelo cativeiro do pecado. Mas, a seu conselho, este povo que não era ainda um povo escutou a palavra dos profetas, da qual duvidara durante muito tempo. Em seguida, quando acreditou que devia segui-la, o povo foi purificado de todo o contágio do pecado. Naamã duvidara antes de ser curado; mas tu já foste curado e por isso não deves duvidar. Já antes te foi dito que não devias acreditar apenas no que vês ao aproximares-te do batistério, para que digas: «É este o «grande mistério que nem os olhos viram, nem os ouvidos ouviram, nem jamais passou pelo pensamento do homem» (1Cor 2, 9)? Eu vejo as águas que via todos os dias. Vão purificar-me estas águas a que tantas vezes desci sem nunca ter sido purificado?» Deves reconhecer que a água não purifica sem o Espírito. Por isso, leste que no batismo as três testemunhas são uma só: a água, o sangue e o Espírito (1Jo 5, 7-8); porque, se prescindires de uma delas, já não há sacramento do batismo. Que é a água sem a cruz de Cristo? É um elemento comum, sem nenhuma eficácia sacramental. Mas também é verdade que sem a água não há mistério da regeneração: «quem não renascer da água e do Espírito não entrará no reino de Deus» (Jo 3, 5). Também o catecúmeno acredita na cruz do Senhor Jesus, com a qual é assinalado; mas, se não for batizado em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, não pode receber o perdão dos pecados nem obter o dom da graça espiritual. Por isso o sírio Naamã mergulhou sete vezes, segundo a Lei; tu, porém, foste batizado em nome da Trindade. […] Proclamaste a tua fé no Pai e no Filho e no Espírito Santo. […] Morreste para o mundo, ressuscitaste para Deus e, de certo modo sepultado naquele elemento do mundo, morto para o pecado, ressuscitaste para a vida eterna (Rm 6, 4). (Ambrósio de Milão (340-397), bispo de Milão – A Quaresma é um caminho para o Batismo).

 

Oração de Preparação para a Leitura Bíblica:

Kyrios

Senhor e Mestre da minha vida,
não me abandones ao espírito de preguiça, de desencorajamento
de dominação e de vã tagarelice.

Concede-me a graça de um espírito de castidade, de humildade,
de paciência e de caridade, a mim, Teu servo.

Sim, meu Senhor e meu Rei, que eu veja as minhas faltas
e não condene o meu irmão.
Tu, que és bendito pelos séculos dos séculos. Amém.

Ó Deus, tem piedade de mim, pecador.
Ó Deus, purifica-me que sou pecador.
Ó Deus, meu Criador, salva-me.
Perdoa-me os meus numerosos pecados!

Bendito Aquele que vem, o nosso Rei»

(Efrém, o Sírio – (306-373).

 

Edificação:

Leitura Bíblica: Mateus 6.1-18

 

O dia de hoje, meus bem-amados, é da maior importância. É um dia que nos solicita um grande desejo, uma pressa imensa, um alento vivo, para nos conduzir ao encontro do Rei dos Céus. Paulo, o mensageiro da Boa Nova, dizia-nos: «O Senhor está perto. Não vos inquieteis» (Fil 4, 5-6). […] Acendamos, pois, as lamparinas da fé; à semelhança das cinco virgens sensatas (Mt 25, 1ss.), enchamo-las do óleo da misericórdia para com os pobres; acolhamos a Cristo bem despertos, e cantemos-Lhe com as palmas da justiça na mão. Beijemo-Lo, derramando sobre Ele o perfume de Maria (Jo 12, 3). Ouçamos o cântico da ressurreição: que as nossas vozes se elevem, dignas da majestade divina, e brademos com o povo, soltando esse grito que se escapa das bocas da multidão: «Hosana nas alturas! Bendito seja Aquele que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel». É razoável chamar-Lhe «Aquele que vem», porque Ele vem sem cessar, porque Ele nunca nos falta: «O Senhor está próximo de quantos O invocam em verdade» (Sl 144, 18). «Bendito seja Aquele que vem em nome do Senhor». O Rei manso e pacífico está à nossa porta. Aquele que tem o trono nos céus, acima dos querubins, senta-Se, cá em baixo, sobre uma burrinha. Preparemos a casa da nossa alma, limpemos as teias de aranha que são os mal-entendidos fraternos, que não haja em nós a poeira da maledicência. Difundamos às mãos-cheias a água do amor, e apaziguemos todas as feridas criadas pela animosidade; semeemos o vestíbulo dos nossos lábios com as flores da piedade. E soltemos então, na companhia do povo, esse grito que brota dos lábios da multidão: «Bendito seja Aquele que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel». (Proclo de Constantinopla (390-446), bispo – A Quaresma prepara para o Dia de Ramos).

 

 

Dedicação:

Depois deste tempo consagrado à observância do jejum, a alma chega, purificada e esgotada, ao batismo. Recobra então as forças mergulhando nas águas do Espírito; tudo o que tinha sido queimado pelas chamas das doenças renasce do orvalho da graça do céu. Abandonando a corrupção do homem velho, o neófito adquire uma nova juventude […]. Através de um novo nascimento, renasce outro homem, sendo embora o mesmo que tinha pecado. Por meio de um jejum ininterrupto de quarenta dias e quarenta noites, Elias mereceu pôr fim, graças à água que veio do céu, a uma seca longa e penosa na terra inteira (1Rs 19, 8; 18, 41). Extinguiu a sede ardente do solo trazendo-lhe uma chuva abundante. Estes fatos produziram-se para nos servir de exemplo, para merecermos, após um jejum de quarenta dias, a chuva bendita do batismo, para que a água que vem do céu regue toda a terra, desde há muito tempo árida, dos nossos irmãos do mundo inteiro. O batismo, como uma rega de salvação, porá fim à longa esterilidade do mundo pagão. É, com efeito, de seca e de aridez espiritual que sofre todo aquele que não foi banhado pela graça do batismo. Através de um jejum do mesmo número de dias e noites, o santo Moisés mereceu falar com Deus, ficar, permanecer com Ele, receber das Suas mãos os preceitos da Lei (Ex 24, 18). […] Também nós, irmãos muito queridos, jejuamos com fervor durante todo este período, para que […] também para nós se abram os céus e se fechem os infernos (Máximo de Turim (380-465), bispo
Sermão 28 – Importância do Jejum na Quaresma).

 

Bênção Final:

Aproximaste-te, viste a pia batismal e viste também o bispo perto da pia. E sem dúvida surgiu na tua alma o mesmo pensamento que se insinuou na de Naaman, o sírio. Pois, embora tenha sido purificado, inicialmente ele duvidara. […] Temo que alguém tenha dito: «É apenas isto?» Sim, realmente é apenas isto: ali encontra-se toda a inocência, toda a piedade, toda a graça, toda a santidade. Viste o que conseguiste ver com os olhos do corpo […]; aquilo que não se vê é muito maior […], porque aquilo que não se vê é eterno […]. Que haverá de mais surpreendente do que a travessia do Mar Vermelho pelos israelitas, para não falarmos agora apenas do batismo? E, no entanto, todos os que o atravessaram morreram no deserto. Pelo contrário, aquele que atravessa a pia batismal, isto é, aquele que passa dos bens terrestres para os do céu […], não morre, mas ressuscita. Naaman era leproso. […] Ao vê-lo chegar, o profeta disse-lhe: «Vai, entra no Jordão, banha-te e ficarás curado.» Ele pôs-se a refletir em si mesmo e disse para consigo: «É apenas isto? Vim da Síria à Judeia e disseram-me: vai até ao Jordão, banha-te e ficarás curado. Como se não houvesse rios melhores no meu país!» Os servos diziam-lhe: «Senhor, por que não fazes o que diz o profeta? Fá-lo, experimenta.» Então ele foi até ao Jordão, banhou-se e ficou curado. Que significa isto? Viste a água, mas nem toda a água cura; mas a água que contém em si a graça de Cristo cura. Há uma diferença entre o elemento e a santificação, entre o ato e a eficácia. O ato realiza-se com água, mas a eficácia vem do Espírito Santo. A água não cura se o Espírito Santo não tiver descido e consagrado aquela água. Leste que quando nosso Senhor Jesus Cristo instituiu o rito do batismo, veio ter com João e este disse-Lhe: «Eu é que tenho necessidade de ser batizado por Ti. E Tu vens até mim?» (Mt 3,14). […] Cristo desceu; João, que batizava, estava a Seu lado; e eis que, como uma pomba, o Espírito Santo desceu. […] Por que desceu Cristo primeiro e em seguida o Espírito Santo? Por que razão? Para que o Senhor não parecesse ter necessidade do sacramento da santificação: é Ele que santifica; e é também o Espírito que santifica (Ambrósio  de Milão (340-397), Bispo de Milão – Quaresma para o Santo Batismo).



[1] Texto organizado pela OESI

 

domingo, 10 de abril de 2022

Páscoa: Festa da Vida

 


Páscoa: festa da vida

O significado dos 50 dias da Páscoa para Santo Agostinho

 

1.      Certamente, Agostinho de Hipona (354-430) celebrou a Páscoa ao longo de toda a sua vida. Não deixou de lembrar a noite de 24 para 25 de abril do ano 387, na qual ele recebeu o batismo e se revestiu de Cristo para ser uma nova criatura em Deus, tornando realidade as palavras que ele havia lido no códice do Apóstolo Paulo no jardim de Milão, obedecendo à voz que dizia: «Tolle, lege» (pegue e leia!), porque lá tinha recebido o convite para «despojar-se das obras das trevas e revestir-se com as armas da luz» (Rm 13.13).

2.      A teologia batismal e o convite a viver com fidelidade o chamado à santidade recebido no batismo estarão sempre presentes em suas homilias e seus escritos.

3.      Da mesma forma o pensamento da celebração da Páscoa e o fato de celebrá-la todos os anos; não porque Cristo necessite morrer muitas outras vezes, mas para que, a cada ano, os fiéis façam memória do ocorrido, para que esqueçam a centralidade do mistério da ressurreição de Cristo na vida dos cristãos.

4.      Portanto, o que aconteceu uma vez definitivamente, se repete todos os anos para avivar a memória e a fé dos fiéis: «A repetição anual da solenidade é equivalente a uma repetição do que Cristo Senhor sofreu por nós na sua morte única.

5.      O que ocorreu apenas uma vez na história para a renovação da nossa vida é comemorada durante todo o ano para perpetuar a sua memória» (sermão 206,1).

6.      Para santo Agostinho a Páscoa é a festa da vida. O cristão é chamado para morrer para sua vida de pecado e ressuscitar para uma nova vida, uma vida plena com Cristo. Então, no dizer de Santo Agostinho em um dos seus sermões de Páscoa, é necessário morrer para o homem velho e para o pecado, para viver em Cristo.

7.      Somente neste caminho, quando chegar a morte corporal, poderemos realmente viver com Deus: «Creia, você que já é batizado: a velha vida já morreu, a morte foi recebida na Cruz e sepultada no batismo. A vida antiga, na qual você experimentou o mal, foi enterrada. Ressuscite para a (vida) nova! Viva bem! Viva para viver! Viva de maneira que, quando você morrer, não morra» (s. 229 E, 3).

8.      Por outro lado, a Páscoa foi para Santo Agostinho um tempo em que se antecipa a alegria da vida eterna com Deus, pois é o tempo de cantar Aleluia, ou seja, «Louvado seja Deus». Precisamente, o louvor será a principal ocupação dos bem-aventurados na abençoada vida eterna:

9.      «Com razão, meus irmãos, a Igreja mantém a antiga tradição de cantar o Aleluia durante estes cinquenta dias. Aleluia e louvor a Deus são a mesma coisa. Com ele nos é antecipado, simbolicamente, no meio de nossas fadigas, o que faremos em nosso descanso. Com efeito, quando, após o trabalho do tempo presente, chegarmos a ele, a nossa única ocupação será o louvor de Deus. Toda a nossa atividade se reduzirá no Aleluia. O que significa Aleluia? “Louvai ao Senhor”» (s. 252, 9).

10.  O tempo da Páscoa é símbolo da vida eterna com Deus, onde o ser humano poderá desfrutar para sempre de Deus e louvá-lo.

11.  É, portanto, um tempo de esperança e de consolação, que antecipa, litúrgica e misteriosamente, a alegria eterna do céu, onde a pessoa poderá amar, louvar, contemplar a Deus e finalmente relaxar.

12.  Isto é o que Santo Agostinho ressalta em um dos seus sermões de Páscoa, antecipando, de alguma forma, a célebre frase que conclui sua obra A Cidade de Deus:

13.  «Façamos destes dias um símbolo do dia sem fim. Façamos do lugar da mortalidade um símbolo do tempo da imortalidade. Corramos para a casa eterna. Felizes são aqueles que vivem em sua casa, Senhor; te louvarão pelos séculos eternos. Diz a lei, a Escritura, a Verdade: precisamos chegar à casa de Deus que está nos céus. Ali nós entoaremos louvores a Deus, não apenas cinquenta dias, mas, como está escrito, pelos séculos dos séculos. Nós o veremos, o amaremos e o louvaremos; não desaparecerá a visão, nem se esgotará o amor, nem se calará o louvor. Tudo será eterno, nada terá fim» (s. 254, 8).

14.  Para Agostinho, o Aleluia torna-se um viático para caminhante e para o peregrino da cidade de Deus. Poder cantar o Aleluia no tempo presente é um incentivo e encorajamento para continuar percorrendo o caminho com alegria, apesar das dificuldades e problemas, sabendo que somos aguardados pelo Reino eterno e a pela vida eterna com Deus.

15.  O Aleluia é, pois, um canto de peregrinos, de viandantes que sabem que nesta terra eles não têm morada perpétua e se destinam a Deus: «Também neste tempo de nossa peregrinação cantemos Aleluia como viático para nosso conforto; o Aleluia é agora, para nós, canção dos viajantes. Por um caminho cansativo, avançamos para a pátria, um lugar de paz, onde, depostas todas nossas ocupações, teremos não mais do que o Aleluia» (s. 255, 1).

16.  De fato os cinquenta dias do tempo da Páscoa são interpretados por Agostinho simbolicamente, como a soma de quarenta, representando o trabalho e a fadiga da vida contemporânea, à qual deve ser adicionado o dez do denário prometido aos trabalhadores fieis e perseverantes que trabalham na vinha do Senhor.

17.  Por isso o tempo pascal para santo Agostinho tem um sentido profundamente escatológico, como ele costuma repetir em muitos de seus sermões:

18.  «Mas, uma vez tenhamos vivido santamente o número quarenta, ou seja, uma vez que vivemos santamente nesta dispensação temporária, caminhando em conformidade com os preceitos de Deus, receberemos como salário o denário que corresponde aos fiéis (…). Portanto, acrescente o salário do denário ao número quarenta santamente vivido e surgirá o número cinquenta, que simboliza a futura Igreja, onde Deus será louvado para sempre» (s. 252, 11).

19.  E dentro deste simbolismo pascal, se multiplica cinquenta por três, número da Trindade e se adiciona três, obtendo-se, assim, cento cinquenta e três, o número de peixes apanhados pelos Apóstolos após a ressurreição de Cristo na pesca milagrosa:

20.  «Mas, como todos foram chamados à vida santa do número quarenta em nome da Trindade e a receber o denário, multiplique o número cinquenta por três e se obterá cento e cinquenta. “Acrescente-lhe o mistério da Trindade e terá cento e cinquenta e três, o número de peixes que foi pego na direita” (s. 252, 11).

21.  Finalmente, a Páscoa é para santo Agostinho, entre outros elementos que poderíamos destacar, um tempo de alegria, sabendo que a morte não é o fim, mas, depois da morte vem a ressurreição e a vida. Por isto assinala santo Agostinho que os cinquenta dias pascais constituem um momento de alegria e felicidade que deve empapar toda a existência do cristão:

22.  «Estes dias que se seguem à paixão de nosso Senhor, e nos quais cantemos o Aleluia a Deus, são para nós dias de festa e alegria» (s. 228, 1).

 

 

23.  (fonte: http://www.agustinosrecoletos.com/2014/04/para-santo-agostinho-pascoa-e-a-festa-da-vida/?lang=pt-pt)

 



terça-feira, 8 de março de 2022

Liturgia do 3º Domingo da Quaresma - Ano C

 





3º Domingo da Quaresma - Ano C

Êx 3,1-8, 13-15 / Sl 103 / I Co 10.1-6,10-12 /  Lc 13.1-9

 

Culto Matutino

 

 

3º Domingo da Quaresma

3º Domingo da Quaresma: Nesta terceira etapa em caminho a Páscoa o Senhor nos fala de Conversão e Arrependimento. Isso nos leva a libertação. O Senhor é bondoso e compassivo e insiste em nossa conversão e mudança de vida. Se não aceitarmos o convide de arrependimento, todos nós pereceremos. Por isso a Liturgia nos convida a refletir sobre a necessidade de retorno para Deus.

 

Adoração

Processional: Ministério da Música.

Saudação e Acolhida:

Oração Inicial:

 

Hino de Adoração: Hino 386 – Bondoso Amigo

Cristo é verdadeiro amigo,
Disto prova nos mostrou:
Para nos salvar da morte,
Sobre a cruz ele expirou.
Derramou precioso sangue,
Para as manchas nos lavar;
Paz em vida e no futuro
Já podemos alcançar!

 

 
 

Caixa de Texto:  Que bondoso amigo é Cristo!
Revelou-nos seu amor,
E nos diz que lhe entreguemos
Os cuidados sem temor.
Falta ao coração dorido
Gozo, paz, consolação?
É porque não insistimos
Com Jesus em oração.

Andas triste e carregado

De pesares e de dor?
A Jesus, refúgio eterno,
Vai, com fé, teu mal expor.
Teus amigos te desprezam?
Conta-lhe isso em oração;
E do seu amor supremo,
Encherás o coração.

 

Confissão:

Convite à Confissão: E por causa do nome do Senhor que somos perdoados: Salmo 25.11   Por causa do teu nome, SENHOR, perdoa a minha iniquidade, que é grande.

 

·         Oração silenciosa e Proclamação do perdão.

 

Louvor:

Ministério da Música

Oração pelos Aniversariantes / Recados e Visitantes

Ofertório. Ministério da Música.

Doxologia: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo,

Como era no princípio, agora e sempre.

 

Edificação:

Primeira Leitura: Êx 3,1-8, 13-15

Leitor: Esta é a Palavra do Senhor

Todos: Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Salmo 103. Refrão 8. O SENHOR é misericordioso, compassivo e longânimo.

 

·         1 Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga ao seu santo nome. 2 Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de nem um só de seus benefícios.

 

·         3 Ele é quem perdoa todas as tuas iniquidades; quem sara todas as tuas enfermidades; 4 quem da cova redime a tua vida e te coroa de graça e misericórdia; 5 quem farta de bens a tua velhice, de sorte que a tua mocidade se renova como a da águia.

 

·         6 O SENHOR faz justiça e julga a todos os oprimidos. 7 Manifestou os seus caminhos a Moisés e os seus feitos aos filhos de Israel. 8 O SENHOR é misericordioso e compassivo; longânimo e assaz benigno.

 

·         9 Não repreende perpetuamente, nem conserva para sempre a sua ira. 10 Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniquidades. 11 Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. 12 Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões. 13 Como um pai se compadece de seus filhos, assim o SENHOR se compadece dos que o temem. 14 Pois ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó.

 

Segunda Leitura: I Co 10.1-6,10-12

Leitor: Esta é a Palavra do Senhor

Todos: Graças a Deus.

 

Aclamação do Evangelho:

Enquanto, ó Salvador, teu livro ler / Meus olhos vem abrir, pois quero ver / Na mera letra, além, o que, Senhor / Nos revelaste em teu imenso amor / À beira-mar, Jesus, partiste o pão/ Satisfazendo ali a multidão;/ Da vida o Pão és tu: vem, pois, assim,/ Nutrir-me até entrar no céu, enfim.(HE 141)

 

 

Proclamação do Evangelho: Lucas 13.1-9

 

 

 

 

1Naquela mesma ocasião, estavam ali algumas pessoas que falaram para Jesus a respeito dos galileus cujo sangue Pilatos havia misturado com os sacrifícios que os mesmos realizavam. 2Então Jesus lhes disse: — Vocês pensam que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem padecido estas coisas?  3Digo a vocês que não eram; se, porém, não se arrependerem, todos vocês também perecerão. 4E, quanto àqueles dezoito sobre os quais desabou a torre de Siloé e os matou, vocês pensam que eles eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém? 5Digo a vocês que não eram; mas, se não se arrependerem, todos vocês também perecerão. 6E Jesus contou a seguinte parábola: — Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e, vindo procurar fruto nela, não achou. 7Então disse ao homem que cuidava da vinha: “Já faz três anos que venho procurar fruto nesta figueira e não encontro nada. Portanto, corte-a! Por que ela ainda está ocupando inutilmente a terra?” 8Mas o homem que cuidava da vinha respondeu: “Senhor, deixe-a ainda este ano, até que eu escave ao redor dela e ponha estrume. 9Se vier a dar fruto, muito bem. Se não der fruto, o senhor poderá cortá-la.”

 

 

Leitor: Esta é a Palavra do Senhor

Todos: Graças a Deus.

Homilia: ___

 

Dedicação:

Oração de dedicação

Credo Apostólico

Ritual da Ceia do Senhor.

Oração Final

Oração do Pai Nosso

Hino 83 – Doxologia

A Deus, supremo benfeitor, / A Deus o Filho, a Deus o Pai, / A Deus Espírito, entoai / Ó céus e terra, o seu louvor. / Amém.

 

Bênção Apostólica / Recessional: Ministério da Música.