domingo, 30 de novembro de 2014

Advento: Início do Ano Cristão

Advento: Início do Ano Cristão
1º Domingo do Advento
Ano B - Vigilância
Rev. Edson Cortasio Sardinha – edsoncortasio@hotmail,com


Com alegria estamos reiniciando o Ano Cristão. O Lecionário Comum tem o Evangelho de Marcos como parâmetro. Chama-se Ano B.
Com o Advento iniciamos a História do Senhor Jesus. Nas liturgias dominicais caminhamos no mistério da nossa Salvação.
O Ano Cristão tem dois ciclos: Natal e Páscoa; e também dois Tempos Comuns. É uma caminhada de fé onde nos aprofundamos em Cristo. Ele é a meta da nossa vida e nossa única motivação para o cumprimento da missão de fazer discípulos e discípulas em todo o mundo.
O Advento tem dois momentos: O anuncio da Volta de Jesus (os dois primeiros domingos) e a Celebração do Mistério de seu nascimento (os dois últimos domingos).

I. A Origem da Celebração do Advento
            As primeiras orações de preparação para o Natal aparecem no século V, quando Perpétuo, Bispo de Tours, estabeleceu um jejum de três dias, antes do nascimento do Senhor.
É também do final desse século, na Espanha, a “Quaresma de São Martinho”, que consistia num jejum de 40 dias, começando no dia seguinte à festa de São Martinho.
            Gregório Magno (590-604) foi o primeiro a redigir um ofício para o Advento, e o Sacramentário Gregoriano é o mais antigo em prover os cultos próprios para os domingos desse tempo litúrgico.
            No século IX, a duração do Advento reduziu-se a quatro semanas, como se lê numa carta do Papa  Nicolau I (858-867) aos búlgaros. E no século XII o jejum havia sido já substituído por uma simples abstinência.
            O objetivo da igreja era produzir nos fiéis uma grande expectativa pela vinda do Salvador, orientando-os para o seu retorno glorioso no fim dos tempos.
            Atualmente o Advento é celebrado em dois aspectos: a vinda definitiva do Senhor e a preparação para o Natal, mantendo a tradição das quatro semanas. Não podemos celebrar a liturgia, sem levar em consideração a sua essencial dimensão escatológica.
II. Advento nas Igrejas Orientais
            Nos diversos ritos orientais, o Advento formou-se com uma característica acentuadamente ascética.
            Na liturgia bizantina destaca-se, no domingo anterior ao Natal, a comemoração de todos os patriarcas, desde Adão até José, esposo de Maria.
            No rito siríaco, as semanas que precedem o Natal chamam-se “semanas das anunciações”. Elas evocam o anúncio feito a Zacarias, a Anunciação do Anjo a Maria, seguida da Visitação, o nascimento de João Batista e o anúncio a José.

V. Advento nas Igrejas Ocidentais
            É na liturgia romana que o Advento toma um sentido um pouco diferente. Segue um método pedagógico muito vivo.
            No primeiro domingo aparece as leituras de Jesus, cheio de glória e esplendor, poder e majestade, rodeado de seus Anjos, para julgar os vivos e os mortos e proclamar o seu Reino eterno, após os acontecimentos que antecederão esse triunfo.“
            No segundo domingo a Igreja convida ao arrependimento e à conversão e nos coloca diante da grandiosa figura de João Batista, cuja mensagem ajuda a ressaltar o caráter penitencial do Advento.
            Com a alegria de quem se sente perdoado, o terceiro domingo se inicia com a seguinte proclamação: “Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto”. É o domingo Gaudete (da alegria).
            No quarto domingo, anuncia a chegada do verdadeiro Sol de Justiça, para iluminar todos os homens. Vemos o Testemunho de Maria e José em receber o Filho de Deus, o Salvador do mundo.

Conclusão:

            A solenidade do Advento precisa ser vivida em cada família de forma muito especial. Na Igreja celebraremos com as leituras, cânticos e orações. Aproveite para fazer um retiro de Oração e preparação para a Vinda do Senhor e o Mistério do Natal.  Feliz Advento!

Festa de Cristo, Rei do Universo



Festa de Cristo, Rei do Universo
23 de novembro de 2014
Rev. Edson Cortasio Sardinha – edsoncortasio@hotmail.com

            Este é o último domingo do Ano Litúrgico. Estamos encerrando o Ano Cristão no próximo sábado, dia 29 de novembro, ao por do sol.
            Com o Advento iniciaremos o Ano Cristão B onde as leituras do Evangelho serão dirigidas pelo Evangelista Marcos.
            Contamos toda a história de Cristo a partir de São Mateus: Advento, Natal, Epifania, Batismo do Senhor, Tempo Comum (1), Quaresma, Semana Santa, Páscoa, Ascensão, Pentecostes e Tempo Comum (2).
            Nossos domingos foram cristocêntricos e terminam hoje. Estamos encerrando a História da Salvação proclamando Cristo Rei do Universo.
            Esta celebração tem um contexto próprio. Diante de tantos movimentos políticos e sociais, o cristianismo pregou que o verdadeiro Rei é o Senhor Jesus.
            "Cristo Rei foi uma das últimas celebrações instituída pelo Papa Pio XI, na época em que o mundo passava pelo pós-guerra de 1917, marcado pelo fascismo na Itália, pelo nazismo na Alemanha, pelo comunismo na Rússia, pelo marxismo-ateu, pela crise econômica, pelos governos ditatoriais que solapavam toda a Europa, pela perseguição religiosa, pelo liberalismo e outros que levavam o mundo e o povo a afastar-se de Deus, da religião e da fé, culminando com a 2ª Guerra Mundial". Depois esta festa entrou no Lecionário Comum e todas as igrejas cristãs.
            A festa foi instituída para que todas as coisas culminassem na plenitude em Cristo Senhor, simbolizado no que diz o Apocalipse: ”Eu sou o Alfa e o Ômega, Principio e Fim de todas as coisas.” (Ap1, 8).
            Esta festa celebra o reinado de Cristo, o Reino de Deus e nossa participação neste reino. O fim da história não é o sofrimento nem as desigualdades. O fim da História é Jesus Cristo, nosso Senhor, o Rei dos Reis.
            Não cremos em milagres políticos, cremos no Senhor Jesus, nosso Rei.
            Sabemos que o Senhor voltará como Rei para julgar o universo. Ele é o Rei do Universo, o Rei dos reis.
            Mas Ele tem reinado em nossa vida? Quais são as áreas onde Cristo Rei não tem reinado?   Ele é rei dos meus olhos? É o rei da minha vida financeira? É o rei da minha família?
            Não basta dizer que Ele é o Rei, o importante é saber se eu tenho o deixado reinar em todas as áreas de minha vida.
            Infelizmente existe muita superficialidade no meio da igreja. Muitos vivem uma vida de pura aparência. Alguns dizem: “Ele é o Rei da minha vida”, mas não são fiéis aos dízimos e ainda pregam contra a fidelidade ao Senhor. Muitos cantam: “Rei Jesus”, mas não buscam Sua vontade na hora de tomar uma decisão.
            Ele precisa ser Rei também diante dos nossos relacionamentos, principalmente com o pobre e necessitado.
            Escuto o Senhor novamente falando: “Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Mateus 15.8).
            Que neste dia de Jesus, Rei dos reis, possamos avaliar até que ponto Ele tem reinado em nossa vida e nos submetamos totalmente ao seu reinado.
            Um dia Ele voltará como rei e julgará todas as coisas.
            O Evangelho de hoje é Mateus 25.31-46. O texto diz que o Filho do Homem virá em sua glória, acompanhado de todos os anjos, se assentará em seu trono glorioso e todas as nações da terra serão reunidas diante dele, “e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos”.
            Servimos a Deus na pessoa do pobre. Servimos a Deus quando agimos em nome de Cristo com fidelidade e amor.

            Que Jesus seja realmente Rei de nossas vidas.

domingo, 13 de abril de 2014

Orações para a Semana Santa

Orações para a
SEMANA SANTA  
Baseado no Livro de Oração Comum
da Igreja Protestante do Século XVI

 ANO A

Orientação: Ore a oração do Dia, leia as Leituras indicadas, faça um período de silêncio (5 minutos) e termine com a Oração do Pai Nosso.

LITURGIA DE RAMOS – Domingo pela manhã.
Cor litúrgica: vermelho
Oração
            Onipotente e Eterno Deus, de tal modo amaste o mundo, que enviaste teu Filho, nosso Salvador Jesus Cristo, para tomar sobre si a nossa carne e sofrer morte na cruz, dando ao gênero humano exemplo de sua profunda humildade; concede, em tua misericórdia, que imitemos a sua paciência no sofrimento e possamos participar também de sua ressurreição; mediante o mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém
 Leituras:
Ano A: Is 50:4-9a; Sl 31:9-16; Fp 2:5-11; Mt 26:14-27.66 ou Mt 27:11-26
Ano A: Mt 21:1-11; Sl 118:1-2, 19-29

LITURGIA DA PAIXÃO  - Domingo a Noite.
Cor litúrgica: vermelho
Oração
            Deus Todo-poderoso, o teu Filho querido não ascendeu à alegria sem que primeiro sofresse a dor, nem entrou na glória sem ser crucificado; concede-nos misericordioso que, andando nós no Caminho da Cruz, nele encontremos a vida e a paz. Mediante Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.
Leituras:
Ano A: Is 50:4-9a; Sl 31:9-16; Fp 2:5-11; Mt 26:14-27.66 ou Mt 27:11-26

SEGUNDA-FEIRA SANTA
Cor litúrgica: vermelho
Oração:
            Onipotente Deus, cujo Filho muito amado não gozou perfeita alegria, senão após o sofrimento, e só subiu à glória depois de crucificado; concede-nos misericordioso que, seguindo o caminho da cruz, seja este para nós vereda de vida e paz; por Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
 Leituras: Anos A, B, C: Is 42:1-7; Sl 27:1-8; Heb 9:11-15; Jo 12:1-8.

TERÇA-FEIRA SANTA
Cor litúrgica: vermelho
Oração:
            Ó Deus, que pela paixão de teu bendito Filho, fizeste com que o instrumento da morte vergonhosa se tornasse para nós símbolo de vida; concede que nos glorifiquemos na cruz de Cristo, a fim de que alegremente suportemos infâmias e privações, por amor de teu Filho, nosso Salvador Jesus Cristo, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
 Leituras: Anos A, B, C: Is 49:1-6; Sl 71:1-12; 1 Cor 1:18-31; Jo 12:27-36

QUARTA-FEIRA SANTA
Cor litúrgica: vermelho
Oração:
            Ó Senhor Deus, cujo bendito Filho, nosso Salvador Jesus Cristo, teve o seu corpo torturado e seu rosto cuspido; concede-nos a graça de enfrentar com esperança os sofrimentos deste tempo e de confiar na glória que há de ser revelada; por Jesus Cristo teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
 Leituras: Anos A, B, C: Is 50:4-9a; Sl 70; Heb 12:1-3; Jo 13:21-30  e  Mc 12:1-11

QUINTA-FEIRA SANTA
Cor litúrgica:
branco

Oração
            Ó Pai Onipotente, cujo amado Filho, na noite anterior à sua paixão, instituiu o Sacramento do seu Corpo e Sangue; concede-nos, misericordioso, que dele participemos agradecidos, em memória daquele que nestes santos mistérios nos dá o penhor da vida eterna, teu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Leituras:
Ano A: Êx 24:1-11; Sl 116; 1 Co 10:16-17; Mt 26:36-56

SEXTA-FEIRA SANTA
Cor litúrgica:
vermelho
Oração
             Deus Onipotente, nós te suplicamos olhes com misericórdia para esta família que é tua, e pela qual nosso Senhor Jesus Cristo não hesitou em entregar-se, traído, às mãos de homens iníquos, e sofrer morte de cruz; o qual vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
            Onipotente e Eterno Deus, que por teu Espírito governas e santificas todo o corpo da Igreja; recebe as súplicas e orações que por todos os seus membros te oferecemos, para que estes, na sua vocação e ministério, te sirvam com verdadeira piedade e devoção; mediante nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
           
 Leituras:
Ano A: Is 50:4-7; Sl 22; 2 Co 5:(14-18)19-21; Mt 27:(27-32)33-50
SÁBADO SANTO PELA MANHÃ
Cor litúrgica:
vermelho
Oração
Ó Deus, Criador do céu e da terra; concede que, assim como o corpo crucificado de teu amado Filho foi colocado no túmulo e descansou neste sábado santo, também sepultados com Ele aguardemos o terceiro dia e com Ele ressuscitemos para uma vida nova; o qual vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.


 Leituras: Anos A, B, C: Jó 14:1-14,  Lm 3:1-9, 19-24; Sl 31:1-4,15-16; 1 Pe 4:1-8; Mt 27:57-66 e  Jo 19:38-42

segunda-feira, 17 de março de 2014

Como Viver a Quaresma Cristã



Como Viver a Quaresma Cristã
Rev. Edson Cortasio Sardinha


A palavra "Quaresma" vem do latim "quadragésima", isto é, "quarenta", e está ligada a acontecimentos bíblicos, que dizem respeito à história da salvação: O jejum de Moisés no Monte Sinai;  caminhada de Elias para o Monte Horebe, caminhada do povo de Israel pelo deserto, jejum de Cristo no deserto etc..
Como se vê, é um tempo, pois, cheio de reminiscências bíblicas, o que dá mais ainda à liturgia uma profunda conotação com a história da salvação.
Com a Quaresma tem início o ciclo da páscoa.
Chamado, liturgicamente, de tempo de preparação penitencial para a Páscoa, a Quaresma, a exemplo também do Advento, tem dois momentos distintos: o primeiro vai da Quarta-Feira de Cinzas até o Domingo da Paixão e de Ramos, e o segundo, como preparação imediata, vai do Domingo de Ramos até à tarde de Quinta-Feira Santa, quando se encerra então o tempo quaresmal e se inicia o Tríduo Pascal.
Mas do Domingo da Paixão e de Ramos até sábado Santo chamamos de Semana Santa.
O tempo da Quaresma é tempo privilegiado na vida da Igreja. É o chamado tempo forte, de conversão e de mudança de vida. Sua palavra-chave é: "metanóia", ou seja, conversão.
A quaresma foi a primeira Campanha de Oração da Igreja Primitiva. Eram 40 dias de preparação para a Páscoa, pois no domingo da Páscoa era celebrado o sacramento do Batismo.
É uma campanha de Oração com Retiros Espirituais de preparação para a Paixão e a Ressurreição do Senhor. 

5. O EVANGELHO DOS DOMINGOS DA QUARESMA
No 1º e no 2º domingo da Quaresma, dos anos A, B e C, a temática do Evangelho é a mesma, mudando apenas o Evangelista sinótico.
Assim, no 1º domingo, sempre será o episódio da tentação de Jesus, ao passo que, no segundo, sempre vai voltar o tema da transfiguração do Senhor.
Já no 3º, 4º e 5º domingo, vamos ter: no ano A, os chamados evangelhos catecumenais, isto é, aqueles de que se servia a Igreja primitiva para a preparação dos catecúmenos para o batismo na noite santa da Vigília Pascal, cuja temática traz relação com o batismo: a água viva, a luz e a vida. Já o evangelho dos mesmos domingos do ano B são de fundo cristológico, e os do ano C se voltam para o tema da conversão, como é próprio de Lucas.
Este é o Ano A, portanto serão as seguintes leituras:

1º domingo - Mt 4,1-11 - Tentação de Jesus - Ele vence a fome: de pão, de glória e de poder.
2º domingo - Mt 17,1-9 - A transfiguração de Jesus, certeza de nossa transfiguração.
3º domingo - Jo, 4,5-42 - A água viva - Amar a Deus em espírito e verdade.
4º domingo - Jo 9,1-41 - A cura do cego de nascença - Abrir-se para a luz.
5º domingo - Jo 11, 1-45 - A ressurreição de Lázaro - Eu sou a ressurreição e a vida.

5. Como viver o período Quaresmal?
Os domingos: Os domingos da Quaresma são ricos. Os Evangelhos e os textos Bíblicos convidam para o arrependimento e nos preparam para o sacrifício do Senhor.
Lecionário: Leia as leituras Bíblicas de cada domingo que são apresentadas no final do Boletim, segundo o Lecionário Comum.
Jejum: Faça jejum uma vez por semana, de preferência na sexta-feira lembrando-se da morte do Senhor. Caso tenha dúvidas, por motivo de saúde, pergunte ao seu médico sobre a duração do jejum e o que não poderá se abster nestas horas.
Abstinência: Faça abstinência em oração e consagração de alguma coisa importante para você. (exemplo: televisão, carne, refrigerante, etc.).
Oração: Coloque diante de Deus diariamente sua vida e família e clame por conversão e unção de Deus para que possamos viver verdadeiramente a justiça e a paz de Cristo no mundo.
Leituras de Espiritualidade: Procure leituras próprias para este período. Livros que falem sobre oração, jejum, conversão, sacrifício do Senhor, etc.
Caridade: Não apenas na Quaresma, mas em todo o tempo, viva o jejum praticando a Caridade e o amor ao próximo.
Conversão: Todo tempo pensamos na necessidade de conversão. A Quaresma nos ajuda a aprofundar este exame pessoal e nos convida ao arrependimento e a volta ao Senhor.

            Retiros Quaresmais: Participe de Retiros Quaresmais.


Os Evangelhos da Quaresma - Ano A
Rev. Edson Cortasio Sardinha

Neste ano o Lecionário Dominical obedece as Leituras do Ano A que privilegia o Evangelho de Mateus. As leituras bíblicas seguem uma ordem que nos edifica e nos desafia a viver a radicalidade do Evangelho do Senhor Jesus.  

            1º domingo - Mt 4,1-11 - Tentação de Jesus - Ele vence a fome: de pão, de glória e de poder. No primeiro domingo da Quaresma caminhamos com Cristo até o deserto e encontramos o tentador nos oferecendo as glórias do mundo, do secularismo e da política. O tentador que caminha  próximo de nós  para nos retirar do caminho da humildade e da radicalidade do Evangelho. O jejum de Cristo e o uso da Palavra de Deus são elementos para o caminho quaresmal. Este Evangelho nos recorda que não somente vivemos a quaresma, como a vida é um tempo de quaresma, lutas e provações, mas pela graça de Deus através da Palavra, oração e jejum, vencemos as ciladas do maligno.

            2º domingo - Mt 17,1-9 - A transfiguração de Jesus, certeza de nossa transfiguração. No segundo domingo subimos o tradicional Monte Tabor para encontrar com o Senhor Jesus refazendo a fé dos apóstolos e antecipando a glória de sua ressurreição. Jesus é confirmado pelos profetas Elias e Moisés que conversam sobre seu ministério em Jerusalém. Em Jerusalém viria a dor, o sofrimento, a morte e a ressurreição. O Cristo que é transfigurado conseguirá vencer o calvário e será transfigurado em sua ressurreição para a nossa salvação. Como igreja precisamos nos transfigurar com Cristo e avançar para a missão. A voz do Pai ouvida por Pedro, Tiago e João garante que Jesus é o Filho amado em quem o Pai tem prazer.
            3º domingo - Jo, 4,5-42 - A água viva - Amar a Deus em espírito e verdade. No terceiro domingo encontraremos com Cristo que saciará nossa sede. Ele é a água viva que nos leva a transformação necessária. Deus espera e procura os verdadeiros adoradores que irão adorá-lo em Espírito e em Verdade. Este encontro no poço de Jacó transforma a nossa vida e alimenta a nossa Missão.

            4º domingo - Jo 9,1-41 - A cura do cego de nascença - Abrir-se para a luz. O quarto domingo da quaresma é também chamado de Domingo Laetare, Domingo da Alegria. A Palavra de Deus nos convida a alegria da ressurreição em plena quaresma. em meio ao sofrimento da vida presente, nos alegramos pela esperança do porvir. O Evangelho nos levará a cura do cego de nascença e veremos Cristo nos curando para um Evangelho santo sem a cegueira da idolatria e do tradicionalismo farisaico. Cristo é a Luz que brilhou em nossas trevas.

            5º domingo - Jo 11, 1-45 - A ressurreição de Lázaro - Eu sou a ressurreição e a vida. No quinto domingo iremos a Betânia encontrar com a vida de Cristo ressuscitando o morto Lázaro. O Evangelho nos aponta para a glória da Páscoa de Cristo em nossa vida. Não apenas ressuscitou dentre os mortos, mas irá nos ressuscitar para uma vida transformada e abençoada. Já podemos hoje viver a santidade e a radicalidade da paz e da justiça do Evangelho.

            A caminhada da Quaresma é uma caminhada de ascese (exercício) da fé através do Jejum, dos Retiros e da Santidade em atos concretos para com Deus e com o próximo. Que nesta santa quaresma possamos ser cheios do Espírito Santo e crescer na graça do Senhor Jesus através das disciplinas espirituais. Quaresma fala desse esforço e disciplina.
            É nesta visão que João Wesley escreveu:

"Ele não nos salvará a menos que "nos salvemos desta geração má", a menos que "combatamos o bom combate da fé e nos apoderemos da vida eterna"; a menos que "soframos o entrar pela porta estreita"; que "nos neguemos a nós mesmos e tomemos a nossa cruz diariamente", e nos esforcemos por todos os meios possíveis por "tornarmos certos o nosso chamado e a nossa." eleição". (Sermão: "Sobre a realização da nossa própria salvação"). 

sábado, 4 de janeiro de 2014

A Espiritualidade da Epifania

Epifania — palavra grega, significa entrada poderosa, chegada solene de um rei ou imperador tomando posse de um território; ou da aparição de uma divindade ou de sua intervenção prodigiosa.
Para nós, cristãos, é a festa da manifestação de Jesus, que veio para todos os povos.
A Epifania é para o Natal, o que Pentecostes é para a Páscoa: seu desenvolvimento e proclamação ao mundo é o desfecho radiante do Natal!
A Epifania é uma festa mais antiga do que o Natal. Celebra-se a manifestação (epifania) de Jesus Cristo como Deus.
Três passagens epifânicas são lembradas neste domingo: A Vinda dos Magos do Oriente (não eram três, nem eram Reis), o Batismo do Senhor e as Bodas de Caná da Galileia.
No Natal Jesus se manifestou aos judeus, na Epifania ele se manifesta aos gentios.
Jesus vem ao mundo para se humilhar. O próprio nascimento, vida e morte do Senhor é uma contradição para a mente humana. Refletindo no paradoxo de Jesus, Santo Agostinho diz: “Vejam! O Criador do ser humano se fez homem para que, Aquele que governa do mundo sideral, se alimentasse de leite; para que o Pão tivesse fome; para a Fonte tivesse sede, a Luz adormecesse, o Caminho se fatigasse na viagem, a Verdade fosse acusada por falsos testemunhos, o Juiz dos vivos e dos mortos fosse julgado por um juiz mortal, a Justiça fosse condenada pelos injustos, a Disciplina fosse açoitada com chicotes, o Cacho de uvas fosse coroado de espinhos, o Alicerce fosse pendurado no madeiro; para que a Virtude se enfraquecesse, a Saúde fosse ferida e morresse a própria Vida” (Sermão 191,1).
Agostinha via o presépio como mistério do Deus que deseja ocupar os nossos corações como Templo: «Jesus jaz no presépio, mas leva as rédeas do governo do mundo; toma o peito, e alimenta aos anjos; está envolto em panos, e veste a nós de imortalidade; está mamando, e o adoram; não encontrando lugar na pousada, fabrica seus templos nos corações dos crentes. Para que se fortalecesse a debilidade, se debilitasse a fortaleza... Assim, acendemos nossa caridade para que alcancemos a sua eternidade». (Sermão 190,4).
O Natal e a Páscoa não são epifanias para o mundo. O mundo não consegue amar e seguir um Deus encarnado e crucificado. Mas para nós a vida de Cristo é total epifania do seu poder. Santo Agostinho diz: «A humildade é ela mesma que se lança ao rosto dos pagãos. Por isso nos insultam e dizem: Que Deus é esse que adorais? Um Deus que nasceu? Que Deus adorais? Um Deus que foi crucificado? A humildade de Cristo desagrada aos soberbos; mas se a ti, cristão, agrada, imita-a; se a imitas, não trabalharás, porque Ele disse: Vinde a mim todos vós que estais sobrecarregados». (Narrações. 93,15).
A Epifania manifesta este mistério de Deus aos magos e ao mundo pagão. Agostinho diz: «Jazia no presépio, e atraia aos Magos do Oriente; se ocultava em um estábulo, e era dado a conhecer no céu, para que por meio dele fosse manifestado no estábulo, e assim este dia se chamasse Epifania, que quer dizer manifestação; com o que recomenda sua grandeza e sua humildade, para que quem era indicado com claros sinais no céu aberto, fosse buscado e encontrado na “angustura” do estábulo, e o impotente de membros infantis, envolto em panos infantis, fosse adorado pelos Magos, temido pelos maus» (Sermão 220,1).
A Epifania retoma o Natal de Jesus celebrando a sua humanidade manifestada a todos os povos. Traz consigo a mística de que a salvação destina-se a todos: “Levanta-te e brilha, Jerusalém, olha o horizonte e vê. Sobre todas as nações brilha a glória do Senhor” (Is 60,1).
Manifestemos hoje o Redentor de todos os povos e façamos deste dia a festa de todas as nações. Epifania é a festa da chegada da Salvação de Deus para todos os povos. A mensagem da Epifania é: Quem crer e for batizado será Salvo, não importando sua nacionalidade, raça ou cultura. É o deus missionário transcultural vindo ao nosso encontro.