sábado, 2 de março de 2019

Culto de Quarta-feira de Cinzas - Anos A,B, C


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Culto de Quarta-feira de Cinzas
Início da Quaresma

BENÇÃO INICIAL
Se sofrimento te causei, Senhor.
Se ao meu exemplo, o fraco tropeçou;
Se em teu caminho, eu não quis andar,
Perdão, Senhor.

Se vão e fútil foi o meu falar;
Se ao meu irmão não demonstrei amor;
Se ao sofredor não estendi a mão,
Perdão, Senhor.

Se indiferente foi o meu viver;
Tranqüilo e calmo sem lutar por ti;
Devendo estar bem firme no labor,
Perdão, Senhor.

Escuta, oh Deus, a minha oração
E vem livrar-me de incertezas mil.
Transforma a minha vida entregue a ti.
Amém, Senhor! Amém, Senhor!

Oração
Onipotente e Eterno Deus, que amas tudo quanto criaste, e que perdoas a todos os penitentes; cria em nós corações novos e contritos, para que, lamentando deveras os nossos pecados e confessando a nossa miséria, alcancemos de ti, Deus de suma piedade, perfeita remissão e perdão; por nosso Senhor Jesus Cristo, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

ANTÍFONA:  Salmo 69.16-18

Ouve-me, Senhor, pois boa é a tua misericórdia.
Olha para mim segundo a tua muitíssima piedade.
E não escondas o teu rosto do teu servo, porque estou angustiado;
ouve-me depressa.
Aproxima-te da minha alma, e resgata-a; livra-me por causa dos meus inimigos.

ORAÇÕES
Oremos. Senhor eterno e onipotente, que perdoastes aos Ninivitas que se arrependeram na cinza e no cilício, dai-nos, por Sua misericórdia, que os imitemos para alcançar o perdão dos nossos pecados. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

Cinzas: Gênesis 3. 19 - Lembra-te, ó homem, que és pó, e que em pó te hás de tornar. (Silêncio orante).

ANTÍFONAS Joel 2. 13, 17;
Mudemos de vestido e cubramo-nos de cinza e de cilício:
jejuemos e choremos diante do Senhor, porque é cheio de misericórdia para nos perdoar os pecados.
Entre o vestíbulo e o altar chorarão os sacerdotes, ministros do Senhor, e dirão: Perdoai, Senhor, perdoai ao seu povo e não feches a boca dos que cantam os seus louvores.

RESPONSÓRIO | Salmo 78. 8,9
Não te lembres das nossas iniquidades passadas;
venham ao nosso encontro depressa as tuas misericórdias, pois já estamos muito abatidos.
Ajuda-nos, ó Deus da nossa salvação, pela glória do teu nome; e livra-nos, e perdoa os nossos pecados por amor do teu nome.
Ajuda-nos, ó Deus da nossa salvação, pela glória do teu nome; e livra-nos, e perdoa os nossos pecados por amor do teu nome.
Ajuda-nos, ó Deus da nossa salvação, pela glória do teu nome; e livra-nos, e perdoa os nossos pecados por amor do teu nome.

ORAÇÃO 
Senhor, tenha compaixão de todos, e nada do que criaste te desagrada. Retire nossos pecados e nos perdoa: porque o Senhor é o nosso Deus. Tenha compaixão de mim, Senhor, tenha compaixão de mim, porque a minha alma confia no Senhor. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
Fazei, Senhor, que os cristãos entrem com a conveniente piedade neste jejum, e o levem ao fim com adoração sincera. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

Leitura extraída do profeta Joel 2. 12-19
É isto o que diz o Senhor: Voltai-vos para Mim, de todo o vosso coração, com jejuns, com lágrimas e gemidos. Rasgai os vossos corações e não os vossos vestidos, e convertei-vos ao Senhor vosso Deus, porque Ele é benigno e compassivo, paciente e de muita misericórdia, e inclinado a suspender o castigo. Quem sabe se Ele quererá voltar-se para vós e perdoar-vos, e deixar após si alguma benção, algum sacrifício e libação para o Senhor vosso Deus? Tocai a trombeta em Sião, ordenai um jejum sagrado, convocai uma assembleia, fazei vir todo o povo, adverti a todos que se purifiquem, juntai os velhos, reuni os pequeninos e os meninos de peito; que o esposo deixe o seu quarto, e a esposa a sua alcova. Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, postos entre o vestíbulo e o altar, e digam: Perdoai Senhor, perdoai ao vosso povo, e não deixeis que na ignomínia se avilte a vossa herança, de sorte que as nações a dominem; porque os povos diriam: Onde está o Deus deles? O Senhor vibrou com amor ardente pela sua terra, e perdoou ao seu povo. E o Senhor falou, dizendo ao seu povo: Eis que vou enviar-vos trigo, e vinho e azeite, e ficareis abastecidos destes gêneros; e não vos entregarei mais ao insulto das nações, diz o Senhor onipotente.

Oração: Salmo 57.1-3
Tem misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia de mim, porque a minha alma confia em ti; e à sombra das tuas asas me abrigo, até que passem as calamidades. Clamarei ao Deus altíssimo, ao Deus que por mim tudo executa.
Ele enviará desde os céus, e me salvará do desprezo daquele que procurava devorar-me. (Selá.) Deus enviará a sua misericórdia e a sua verdade.

Oração: Salmos 103. 10; 79. 8-9
O Senhor não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos recompensou segundo as nossas iniquidades. Não te lembres das nossas iniquidades passadas; venham ao nosso encontro depressa as tuas misericórdias, pois já estamos muito abatidos. Ajuda-nos, ó Deus da nossa salvação, pela glória do teu nome; e livra-nos, e perdoa os nossos pecados por amor do teu nome.

EVANGELHO segundo Mateus 6. 16-21
Naquele tempo: Disse Jesus aos seus discípulos: quando jejuais, não queirais fazer-vos tristes, como os hipócritas; porque eles desfiguram os seus rostos, para mostrar aos homens que jejuam. Na verdade vos digo que (já) receberam a sua recompensa. Quanto a ti, porém, quando jejuas, perfuma a tua cabeça e lava o teu rosto, afim de que não pareça aos homens que jejuas, mas sim a teu Pai, que está presente no mais recôndito: e teu Pai, que vê o mais recôndito, te dará a recompensa. Não queirais entesourar para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e a traça os consomem, e onde os ladrões os desenterram e roubam; ao contrário, entesourai para vós tesouros no Céu, onde nem a ferrugem, nem a traça os consome, e onde os ladrões os não desenterram nem roubam. Porque onde está o teu tesouro, aí está o teu coração.

Sermão:

Louvor Salmo 30. 2-3
Senhor meu Deus, clamei a ti, e tu me saraste. Senhor, fizeste subir a minha alma da sepultura; conservaste-me a vida para que não descesse ao abismo.

CONVITE A COMUNHÃO: Salmo 1. 1-3
Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará.

ORAÇÃO DE CONSAGRAÇÃO da Ceia do Senhor

Hino: Senhor, Eu Preciso de Ti (HE 92)
Eu creio, Senhor, na divina promessa,
Vitórias já tive nas lutas aqui,
Contudo, é mui certo que a gente tropeça:
Por isso, Senhor, eu preciso de ti.

A luz que me guia no escuro caminho,
Fulgura de cima, do Sol criador.
Contudo, não posso segui-lo sozinho:
Por isso eu preciso de ti, meu Senhor.

Esforços da terra, precário destino,
Empenho dos homens, riqueza, o que for,
Não valem a bênção do reino divino:
Por isso eu preciso de ti, meu Senhor.

ORAÇÃO Após a Comunhão
Oremos. Curvai as vossas cabeças diante de Deus. Olhai, Senhor, com bondade, para aqueles que se humilham na sua presença, e fazei que, reanimados com estes dons divinos, se alimentem sempre com o socorro celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.


Quaresma com os Pais da Igreja


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Quaresma com o Senhor
Solene Oração com os Pais da Igreja pelo Início da Quaresma

Texto organizado pela OESI

Introdução:
E nós, meus irmãos, nós que recebemos do Invencível Combatente as sagradas práticas da Quaresma, saibamos repelir os desejos da carne e mortificar o corpo com jejuns, a fim de que cresçam as virtudes na nossa alma. Jejum das funestas paixões e prazeres, jejum de toda a injustiça, jejum do odioso espírito de rivalidade. Renunciemos, meus irmãos, aos festins, mas renunciemos mais ainda aos nossos vícios. Saibamos escolher a temperança. Abster-nos do vinho, a fim de que saibamos resistir à embriaguez dos prazeres. De que nos servirá, com efeito, jejuar durante quarenta dias se não respeitarmos a lei do jejum? De que nos serve fugir aos banquetes, se ocuparmos em discórdias os nossos dias? De que nos serve não comer o pão que nos cabe, se tirarmos a comida da boca do pobre? O jejum para o cristão que escolhe as privações deve ser alimento espiritual. O jejum para o cristão deve preparar a paz e não as lutas. De que te serve não comer carne, se da tua boca se soltam injúrias piores que qualquer alimento? De que te serve santificar o estômago com jejuns, se as mentiras te mancham a boca? Em verdade te digo, meu irmão, que não tens o direito de entrar na Igreja se continuas enredado e envolvido nas malhas mortais da usura voraz, que não tens o direito de invocar o teu Senhor se as tuas orações vêm do teu coração invejoso; que não tens o direito de bater no peito se nele se escondem os teus maus desejos. A moeda que deres ao pobre só será justa, quando fores pobre também. Eis, irmãos muito amados, a verdadeira fome religiosa, eis o alimento das almas tementes a Deus. As almas que santificaram o jejum pela castidade, que o tornaram alegre pela caridade, que o aformosearam pela paciência, que o acalentaram pela bondade, que lhe deram o seu justo preço pela humildade. Meus irmãos, vivamos a Quaresma de Cristo com todas as nossas forças e, pela prática daquelas virtudes, façamos que seja nossa, pelos dois gêmeos jejuns do corpo e do espírito, a graça divina. Amém (Máximo de Turim (380-465) – As práticas Quaresmais).
Adoração:
Nós, os novos batizados, os filhos do batistério que acabamos de receber a luz, damos-Te graças, Cristo Deus. Tu iluminaste-nos com a luz do Teu rosto, Tu revestiste-nos com a veste que convém às Tuas núpcias (Sl 4, 7; Mt 22, 11). Glória a Ti, glória a Ti, porque tal foi do Teu agrado.  Quem dirá, quem mostrará ao primeiro homem criado, Adão, a beleza, o brilho, a dignidade dos seus filhos? Quem contará também à infeliz Eva que os seus descendentes se tornaram reis, revestidos de uma veste de glória, e que com grande glória glorificam Aquele que os glorificou, brilhantes de corpo, de espírito e de veste? […] E quem os exaltou? Foi, evidentemente, a sua Ressurreição. Glória a Ti, glória a Ti, porque tal foi do Teu agrado. […] Tu és brilhante e radioso, Adão. […] Ao ver-te, o teu adversário definha e exclama: Quem é este que vejo? Não sei. O pó foi renovado (Gn 2, 7), as cinzas foram divinizadas. O pobre doente foi convidado, foi refrescado, entrou e sentou-se à mesa, foi conduzido ao banquete e tem a audácia de comer e o desplante de beber Aquele que o criou. E quem Lho deu? Foi, evidentemente, a sua Ressurreição. Glória a Ti, glória a Ti, porque tal foi do Teu agrado. Esqueceu as suas culpas antigas, não ostenta a menor cicatriz dos primeiros ferimentos. Abandonou os seus longos anos de paralisia na piscina, como tinha feito o paralítico, e deixou de trazer o leito aos ombros, mas traz às costas a cruz Daquele que teve piedade dele […]. Outrora, o Amigos dos homens lavou muitos homens nas águas, mas eles não brilharam assim; àqueles, porém, a Ressurreição tornou-os luminosos. Glória a Ti, glória a Ti, porque tal foi do Teu agrado. […]. Eis-te recriado, novo batizado, eis-te renovado; não curves as costas ao peso dos pecados. Possuis a cruz como cajado, apóia-te nela. Leva-a à tua oração, leva-a para a mesa, leva-a para o leito, leva-a para todo o lado como título de glória. […] Grita aos demônios: Com a cruz na mão, ergo-me, louvando a Ressurreição. Glória a Ti, glória a Ti, porque tal foi do Teu agrado (Romano, o Melodista (490-556) – A Quaresma é o caminho da renovação).

Confissão:
Meu Deus, na Tua compaixão
derrama sobre mim o olhar do Teu amor
E recebe a minha ardente confissão.
Pequei mais do que todos os homens,
pequei só contra Ti, Senhor;
faz-me participar da Tua misericórdia,
meu Salvador, porque me criaste. […]
Meu Redentor, manchei a Tua imagem e semelhança (Gn 1, 26), […]
desfiz em farrapos o vestuário de perfeição
que o próprio Criador fabricou para mim e estou nu;
em seu lugar quis usar uma farpela rasgada,
obra da serpente que me seduziu (Gn 3, 1-5). […]
Fiquei fascinado com a beleza
da árvore que traiu a minha inteligência:
agora estou nu e coberto de vergonha. […]
O pecado me revestiu de túnicas de pele (Gn 3, 21),
agora que fui despojado
das vestes tecidas pelo próprio Deus. […]
E, como a prostituta, grito:
pequei contra Ti, só contra Ti.
Ó Salvador, acolhe as minhas lágrimas,
como aceitaste o perfume da pecadora (Lc 7, 36 ss.)
E, como o publicano, grito:
tem piedade de mim, ó Salvador.
Perdoa-me, porque de toda a descendência de Adão
ninguém pecou como eu. […]
Prostrado como Davi,
estou coberto de lama;
Mas assim como ele se lavou nas próprias lágrimas,
lava-me Tu também, Senhor!
Ouve os gemidos da minha alma
e os suspiros do meu coração;
acolhe as minhas lágrimas
e salva-me, meu Redentor.
Porque Tu amas os homens
e queres que todos se salvem.
Faz-me voltar à Tua bondade
e nela me recebe,
porque estou arrependido  (André de Creta – (650-740), monge e bispo  - Grande Cânon da Liturgia Bizantina da Quaresma).

Louvor:
Naamã era sírio e estava leproso, sem que ninguém o pudesse curar. Então, uma jovem prisioneira disse-lhe que havia em Israel um profeta que podia curá-lo da lepra. […] Já é tempo de descobrires quem era aquela jovem prisioneira. Era a figura da assembleia mais nova de entre as nações, isto é, da Igreja do Senhor. Antes, quando não possuía ainda a liberdade da graça, fora humilhada pelo cativeiro do pecado. Mas, a seu conselho, este povo que não era ainda um povo escutou a palavra dos profetas, da qual duvidara durante muito tempo. Em seguida, quando acreditou que devia segui-la, o povo foi purificado de todo o contágio do pecado. Naamã duvidara antes de ser curado; mas tu já foste curado e por isso não deves duvidar. Já antes te foi dito que não devias acreditar apenas no que vês ao aproximares-te do batistério, para que digas: «É este o «grande mistério que nem os olhos viram, nem os ouvidos ouviram, nem jamais passou pelo pensamento do homem» (1Cor 2, 9)? Eu vejo as águas que via todos os dias. Vão purificar-me estas águas a que tantas vezes desci sem nunca ter sido purificado?» Deves reconhecer que a água não purifica sem o Espírito. Por isso, leste que no batismo as três testemunhas são uma só: a água, o sangue e o Espírito (1Jo 5, 7-8); porque, se prescindires de uma delas, já não há sacramento do batismo. Que é a água sem a cruz de Cristo? É um elemento comum, sem nenhuma eficácia sacramental. Mas também é verdade que sem a água não há mistério da regeneração: «quem não renascer da água e do Espírito não entrará no reino de Deus» (Jo 3, 5). Também o catecúmeno acredita na cruz do Senhor Jesus, com a qual é assinalado; mas, se não for batizado em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, não pode receber o perdão dos pecados nem obter o dom da graça espiritual. Por isso o sírio Naamã mergulhou sete vezes, segundo a Lei; tu, porém, foste batizado em nome da Trindade. […] Proclamaste a tua fé no Pai e no Filho e no Espírito Santo. […] Morreste para o mundo, ressuscitaste para Deus e, de certo modo sepultado naquele elemento do mundo, morto para o pecado, ressuscitaste para a vida eterna (Rm 6, 4). (Ambrósio de Milão (340-397), bispo de Milão – A Quaresma é um caminho para o Batismo).

Oração de Preparação para a Leitura Bíblica:
Kyrios
Senhor e Mestre da minha vida,
não me abandones ao espírito de preguiça, de desencorajamento
de dominação e de vã tagarelice.
Concede-me a graça de um espírito de castidade, de humildade,
de paciência e de caridade, a mim, Teu servo.
Sim, meu Senhor e meu Rei, que eu veja as minhas faltas
e não condene o meu irmão.
Tu, que és bendito pelos séculos dos séculos. Amém.
Ó Deus, tem piedade de mim, pecador.
Ó Deus, purifica-me que sou pecador.
Ó Deus, meu Criador, salva-me.
Perdoa-me os meus numerosos pecados!
Bendito Aquele que vem, o nosso Rei»
(Efrém, o Sírio – (306-373).

Edificação:
Leitura Bíblica: Mateus 6.1-18

O dia de hoje, meus bem-amados, é da maior importância. É um dia que nos solicita um grande desejo, uma pressa imensa, um alento vivo, para nos conduzir ao encontro do Rei dos Céus. Paulo, o mensageiro da Boa Nova, dizia-nos: «O Senhor está perto. Não vos inquieteis» (Fil 4, 5-6). […] Acendamos, pois, as lamparinas da fé; à semelhança das cinco virgens sensatas (Mt 25, 1ss.), enchamo-las do óleo da misericórdia para com os pobres; acolhamos a Cristo bem despertos, e cantemos-Lhe com as palmas da justiça na mão. Beijemo-Lo, derramando sobre Ele o perfume de Maria (Jo 12, 3). Ouçamos o cântico da ressurreição: que as nossas vozes se elevem, dignas da majestade divina, e brademos com o povo, soltando esse grito que se escapa das bocas da multidão: «Hosana nas alturas! Bendito seja Aquele que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel». É razoável chamar-Lhe «Aquele que vem», porque Ele vem sem cessar, porque Ele nunca nos falta: «O Senhor está próximo de quantos O invocam em verdade» (Sl 144, 18). «Bendito seja Aquele que vem em nome do Senhor». O Rei manso e pacífico está à nossa porta. Aquele que tem o trono nos céus, acima dos querubins, senta-Se, cá em baixo, sobre uma burrinha. Preparemos a casa da nossa alma, limpemos as teias de aranha que são os mal-entendidos fraternos, que não haja em nós a poeira da maledicência. Difundamos às mãos-cheias a água do amor, e apaziguemos todas as feridas criadas pela animosidade; semeemos o vestíbulo dos nossos lábios com as flores da piedade. E soltemos então, na companhia do povo, esse grito que brota dos lábios da multidão: «Bendito seja Aquele que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel». (Proclo de Constantinopla (390-446), bispo – A Quaresma prepara para o Dia de Ramos).


Dedicação:
Depois deste tempo consagrado à observância do jejum, a alma chega, purificada e esgotada, ao batismo. Recobra então as forças mergulhando nas águas do Espírito; tudo o que tinha sido queimado pelas chamas das doenças renasce do orvalho da graça do céu. Abandonando a corrupção do homem velho, o neófito adquire uma nova juventude […]. Através de um novo nascimento, renasce outro homem, sendo embora o mesmo que tinha pecado. Por meio de um jejum ininterrupto de quarenta dias e quarenta noites, Elias mereceu pôr fim, graças à água que veio do céu, a uma seca longa e penosa na terra inteira (1Rs 19, 8; 18, 41). Extinguiu a sede ardente do solo trazendo-lhe uma chuva abundante. Estes fatos produziram-se para nos servir de exemplo, para merecermos, após um jejum de quarenta dias, a chuva bendita do batismo, para que a água que vem do céu regue toda a terra, desde há muito tempo árida, dos nossos irmãos do mundo inteiro. O batismo, como uma rega de salvação, porá fim à longa esterilidade do mundo pagão. É, com efeito, de seca e de aridez espiritual que sofre todo aquele que não foi banhado pela graça do batismo. Através de um jejum do mesmo número de dias e noites, o santo Moisés mereceu falar com Deus, ficar, permanecer com Ele, receber das Suas mãos os preceitos da Lei (Ex 24, 18). […] Também nós, irmãos muito queridos, jejuamos com fervor durante todo este período, para que […] também para nós se abram os céus e se fechem os infernos (Máximo de Turim (380-465), bispo
Sermão 28 – Importância do Jejum na Quaresma).

Bênção Final:
Aproximaste-te, viste a pia batismal e viste também o bispo perto da pia. E sem dúvida surgiu na tua alma o mesmo pensamento que se insinuou na de Naaman, o sírio. Pois, embora tenha sido purificado, inicialmente ele duvidara. […] Temo que alguém tenha dito: «É apenas isto?» Sim, realmente é apenas isto: ali encontra-se toda a inocência, toda a piedade, toda a graça, toda a santidade. Viste o que conseguiste ver com os olhos do corpo […]; aquilo que não se vê é muito maior […], porque aquilo que não se vê é eterno […]. Que haverá de mais surpreendente do que a travessia do Mar Vermelho pelos israelitas, para não falarmos agora apenas do batismo? E, no entanto, todos os que o atravessaram morreram no deserto. Pelo contrário, aquele que atravessa a pia batismal, isto é, aquele que passa dos bens terrestres para os do céu […], não morre, mas ressuscita. Naaman era leproso. […] Ao vê-lo chegar, o profeta disse-lhe: «Vai, entra no Jordão, banha-te e ficarás curado.» Ele pôs-se a refletir em si mesmo e disse para consigo: «É apenas isto? Vim da Síria à Judeia e disseram-me: vai até ao Jordão, banha-te e ficarás curado. Como se não houvesse rios melhores no meu país!» Os servos diziam-lhe: «Senhor, por que não fazes o que diz o profeta? Fá-lo, experimenta.» Então ele foi até ao Jordão, banhou-se e ficou curado. Que significa isto? Viste a água, mas nem toda a água cura; mas a água que contém em si a graça de Cristo cura. Há uma diferença entre o elemento e a santificação, entre o ato e a eficácia. O ato realiza-se com água, mas a eficácia vem do Espírito Santo. A água não cura se o Espírito Santo não tiver descido e consagrado aquela água. Leste que quando nosso Senhor Jesus Cristo instituiu o rito do batismo, veio ter com João e este disse-Lhe: «Eu é que tenho necessidade de ser batizado por Ti. E Tu vens até mim?» (Mt 3,14). […] Cristo desceu; João, que batizava, estava a Seu lado; e eis que, como uma pomba, o Espírito Santo desceu. […] Por que desceu Cristo primeiro e em seguida o Espírito Santo? Por que razão? Para que o Senhor não parecesse ter necessidade do sacramento da santificação: é Ele que santifica; e é também o Espírito que santifica (Ambrósio de Milão (340-397), Bispo de Milão – Quaresma para o Santo Batismo).

“A honra do jejum consiste não na abstinência da comida, mas em evitar as ações pecaminosas; quem limita o seu jejum apenas à abstinência de carnes o desonra. Praticas o jejum? Prova-me por tuas obras! Perguntas que tipo de obras? Se vires um inimigo, reconcilia-te com ele! Se vires um amigo tendo sucesso, não o inveje! Se vires uma mulher bonita, passe sem olhar! Que não apenas a boca jejue, mas também os olhos, e os ouvidos, e os pés, e as mãos, e todos os membros de nossos corpos. Que as mãos jejuem sendo puras da avareza e da rapina. Que os pés jejuem, deixando de caminhar para espetáculos imorais. Que os olhos jejuem, não se detendo sobre feições belas, ou se ocupando de belezas exóticas. Pois o que é visto é a comida dos olhos, mas se o que for visto for imoral ou proibido, macula-se o jejum e perturba toda a segurança da alma; mas se for moral e seguro, o que é visto adorna o jejum. Pois seria absurdo abster-se da comida permitida por causa do jejum, mas devem os olhos absterem-se até de tocar o que é proibido. Não comes carne? Então não se alimente de luxúria através dos olhos. Que também os ouvidos jejuem. O jejum dos ouvidos consiste em recusar-se a ouvir assuntos perversos e calúnias. ‘Não receberás notícias falsas’, já foi dito. Que a boca também jejue de falar coisas vergonhosas e de ficar reclamando. Pois que ganhas se te absténs de pássaros e peixes, e mesmo assim mordes e devoras teu próximo? O que tem fala maligna come a carne de seu irmão, e morde o corpo de seu próximo.” (João Crisóstomo (347-407). Orientação sobre o verdadeiro Jejum Quaresmal).

Autores dos textos

Romano, o Melodista (490-556)
Nascido por volta de 490 em Emesa (hoje, Homs), na Síria foi um teólogo, poeta e compositor, "pertence à grande plêiade de teólogos que transformaram a teologia em poesia", nas palavras do Papa Bento XVI. Sendo uma figura pouco conhecida, Romano permanece na história como um dos mais representativos autores de hinos litúrgicos. Romano não adotou o solene grego bizantino da corte, mas um grego simples, próximo à linguagem do povo. Vivendo em Constantinopla por volta do final do reinado de Anastácio I Dicoro (518), teria tido uma visão da Virgem Maria. Maria o teria obrigado a engolir uma folha enrolada, o que teria lhe dado o dom da poesia [3] . Considerado santo por várias tradições cristãs, bem como padroeiro do canto ortodoxo, segundo algumas fontes teria morrido por volta de 560.

Máximo de Turim (380-465)
Foi um bispo e escritor de teologia e é considerado santo e mártir. É o primeiro bispo que se tem memória em Turim, considerado o fundador da sua diocese, erigida pela iniciativa de santo Ambrósio e de santo Eusébio de Vercelli, de quem o próprio São Máximo se declarava discípulo[1] . Foi sucedido por São Vítor de Turim. Seu nome consta do martirológio romano no dia 25 de junho e a cidade de Turim o considera seu santo padroeiro. Do seu grande empenho apostólico dão testemunho os numerosos sermões e homilias, escritos com estilo claro e persuasivo. Num deles ele exorta com firmeza seus fiéis, amedrontados pela aproximação do exército dos bárbaros a empunhar as armas do “jejum, daoração e da misericórdia” e aos medrosos que se apressavam a fugir da cidade diz: “É injusto e ímpio o filho que abandona a mãe no perigo. A Pátria é sempre uma doce mãe" . Uma hagiografia sua, pouco confiável, foi escrita depois do século XI. Ela afirma que um clérigo um dia seguiu São Máximo com más intenções até uma capela afastada onde ele gostava de se retirar para rezar. O clérigo subitamente ficou com tanta sede que pediu ajuda a Máximo. Uma corça apareceu e o santo a fez parar para que o clérigo pudesse tomar de seu leite. Esta lenda explica o fato de o santo, por vezes, ser representado na arte apontando para uma corça.


André de Creta (650-740)
Também conhecido como André de Jerusalém,  foi um bispo, teólogo, homilista e hinógrafo. Nascido em Damasco de pais cristãos, André ficou mudo do nascimento até os sete anos, quando, de acordo com o seu hagiógrafo, ele foi milagrosamente curado após ter recebido a Eucaristia. Ele começou a sua carreira eclesiástica com quatorze anos na Lavra de Mar Saba, perto de Jerusalém, onde ele rapidamente se fez notar pelos seus superiores. Teodoro, o locum tenens do Patriarca Ortodoxo de Jerusalém o fez arquidiácono e o enviou para a capital imperial Constantinopla como seu representante oficial no Sexto Concílio Ecumênico (680 - 681), que fora convocado pelo imperador bizantino Constantino Pogonatos para conter a heresia do monotelismo. Logo após o concílio, ele foi chamado de volta de Jerusalém para Constantinopla e foi apontado como arquidiácono da grande Igreja de Santa Sofia. Eventualmente, ele foi ascendeu à posição de metropolita de Gortina, em Creta. Ainda que ele fosse um adversário do monotelismo, ele compareceu ao sínodo de 712, no qual os decretos do concílio ecumênico foi abolidos. Mas no ano seguinte ele se arrependeu e retornou à ortodoxia. Dali em diante ele se ocupou em pregar compondo hinos e seus discursos são conhecidos pela escolha das frases, digna e harmoniosa, e ele é reconhecido por isso como um dos principais oradores da época bizantina.
Historiadores eclesiásticos não compartilham de uma mesma opinião sobre a data de sua morte. O que se sabe é que ele morreu na ilha de Mitilene enquanto retornava para Creta a partir de Constantinopla, onde ele estava para resolver assuntos da Igreja. Suasrelíquias foram posteriormente transladadas para Constantinopla, pois, em 1350, elas foram vistas pelo peregrino russo Estevão de Novgorod no Mosteiro de Santo André de Creta (atual Mesquita Koca Mustafa Paşa), na capital imperial.

Efrém, o Sírio (306-373).
Foi um prolífico compositor de hinos e teólogo do século IV, venerado por cristãos do mundo inteiro, especialmente pela Igreja Ortodoxa Síria, como um santo. Nascido em Nísibis, foi discípulo de Tiago de Nísibis na famosa escola da cidade. Escapando do avanço do exército sassânida, fugiu para Edessa onde lecionou por muitos anos. Autor de uma grande variedade de hinos, poemas e sermões de exegese bíblica, em verso e em prosa. Suas obras são exemplos de uma teologia prática voltadas para defesa da igreja em tempos turbulentos e tornaram-se tão populares que, por séculos após a sua morte, autores cristãos escreveram centenas de trabalhos pseudepígrafes em seu nome. Efrém tem sido considerado o mais importante de todos os padres da Igreja na tradição siríaca da igreja.

Proclo de Constantinopla (390-446),
Foi um arcebispo de Constantinopla. Foi responsável pela conversão do tio de Melânia, a Jovem, Volusiano. Amigo e discípulo de João Crisóstomo, ele se tornou um secretário do arcebispo, Ático (406-425), que também o ordenou diácono e padre. O sucessor de Ático, Sisínio I (426-427), o consagrou bispo da cidade de Cízico, porém seus habitantes se recusaram a aceitá-lo como seu bispo e ele permaneceu na capital imperial. Com a morte de Sisínio, Nestório o sucedeu como arcebispo de Constantinopla (428-431). No início de 429, num festival em homenagem à Teótoco (Virgem Maria), Proclo fez o seu celebrado sermão sobre a encarnação de Jesus, que posteriormente foi inserido no começo dos atos do concílio de Éfeso. Quando o arcebispo Maximiano (431-434) morreu na quinta-feira santa, Proclo foi imediatamente conduzido ao trono com a permissão do imperador Teodósio II e dos bispos reunidos em Constantinopla. Sua primeira preocupação foi o funeral de seu antecessor. Em seguida, ele enviou aos seus pares, o Patriarca de Alexandria Cirilo e o Patriarca de Antioquia João, as costumeiras cartas sinódicas anunciando sua ascensão, que foi aprovada por ambos. Em 436, os bispos da Armênia o consultaram sobre uma certa doutrina existente em seu país e a atribuíram a Teodoro de Mopsuéstia, pedindo que ele a condenasse. Proclo respondeu no ano seguinte, na celebrada carta conhecida como "Tomo de Proclo", que ele enviou para os bispos do oriente pedindo que eles a assinassem e que se juntassem a ele na condenação da doutrina levantada pelos armênios. Eles aprovaram as cartas, mas, por admiração a Teodoro, hesitaram em condenar as doutrinas atribuídas a ele.  Proclo respondeu que ainda que ele desejasse que os trechos anexados ao seu Tomo fossem condenados, ele não os tinha atribuído a Teodoro ou a nenhum outro indivíduo, não desejando assim condenar ninguém pessoalmente. Uma ordem imperial conseguida por Proclo, declarando seu desejo de que todos deveriam viver em paz e que nenhuma acusação deveria ser feita contra ninguém que tenha morrido em comunhão com a igreja apaziguou os ânimos. O caso como um todo serviu para demonstrar a moderação e o tato de Proclo. Em 438, ele transferiu as relíquias de seu antigo mestre, João Crisóstomo, de Comana Pôntica para Constantinopla, onde ele as enterrou com grandes honras na Igreja dos Doze Apóstolos.  Este ato reconciliou a igreja com os seguidores de João, que tinham se separado quando ele foi injustamente deposto de seu patriarcado. Em 439, a pedido de uma missão diplomática de Cesareia, na Capadócia, ele selecionou como seu novo bispo, Talássio, que estava prestes a ser nomeado como prefeito pretoriano do Oriente. Neste período Constantinopla foi varrida por inúmeros terremotos que ocorreram em um período de quatro meses o que obrigou a população viver temporariamente nos campos próximos. Proclo morreu provavelmente em julho de 446.

Ambrósio de Milão (340-397).
(Aurélio Ambrósio) Foi um arcebispo de Mediolano (moderna Milão) que se tornou um dos mais influentes membros do clero no século IV. Ele era prefeito consular da Ligúria e Emília, cuja capital era Mediolano, antes de tornar-se bispo da cidade por aclamação popular em 374. Ambrósio era um fervoroso adversário do arianismo. Tradicionalmente atribui-se a Ambrósio a promoção do canto antifonal, um estilo no qual um lado do coro responde de forma alternada ao canto do outro, e também a composição do Veni redemptor gentium, um hino natalino. Ambrósio é um dos quatro doutores da Igreja originais e é notável por sua influência sobre o pensamento de Santo Agostinho.


João Crisóstomo (347-407).

Foi um arcebispo de Constantinopla e um dos mais importantes patronos do cristianismo primitivo. Ele é conhecido por suas poderosas homilias e por sua habilidade oratória, por sua denúncia dos abusos cometidos por líderes políticos e eclesiásticos de sua época, por sua "Divina Liturgia" e por suas práticas ascetas. O nome Crisóstomo significa "da boca de ouro" em língua grega e lhe foi dado por conta de sua lendária eloquência. O título apareceu pela primeira vez na "Constituição" do papa Vigílio em 553. É considerado o maior pregador cristão da história.

sexta-feira, 1 de março de 2019

Quaresma: O Caminho espiritual para a Páscoa


Lindos cantos de Meditação para Quaresma! ► Compre o CD: http://goo.gl/w1TcEJ Ouça estes belos cantos realizados pelos Monges Beneditinos do Mosteiro da Ressurreição.

Quaresma: O Caminho espiritual para a Páscoa
Rev. Edson Cortasio Sardinha

Introdução:
Na Quarta-feira de Cinzas iniciamos o período da Quaresma. Estamos entrando no Ciclo Pascal. Para entendermos a quaresma precisamos olhar para a conversão dos Ninivitas.
Jonas foi forçado por Deus a ir a Nínive pregar a palavra profética. Deus disse: “Dispõe-te, vai à grande cidade de Nínive e proclama contra ela a mensagem que eu te digo”. Jonas percorreria a cidade em três dias. Jonas começou a percorre-la e dizia: “Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida”. Sua mensagem foi clara: Deus destruirá Nínive em quarenta dias. Resta apenas uma Quaresma para o povo de Nínive.
Os Ninivitas teriam apenas uma quaresma de vida. Eles creram em Deus, e proclamaram um jejum, e vestiram-se de panos de saco, desde o maior até o menor. O Rei de Ninive ficou sabendo da mensagem de Jonas. Foi tão impactado que se levantou do seu trono, tirou de si as vestes reais, cobriu-se de pano de saco, assentou-se sobre cinza e proclamou um jejum para todos os habitantes e animais de Nínive. 
Mandou que todos fossem cobertos de pano de saco, clamassem fortemente a Deus e se convertessem de seus pecados. O rei esperava a misericórdia de Deus. Disse o rei: “Quem sabe se voltará Deus, e se arrependerá, e se apartará do furor da sua ira, de sorte que não pereçamos?”
Deus se agradou do arrependimento e dos sinais da conversão. “Viu Deus o que fizeram, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria e não o fez”. (Jn 3.1-10).
Jejum, pano de saco, cinzas, orações, clamor e conversão marcaram o arrependimento dos Ninivitas. Foi uma quaresma perfeita que os livrou da destruição eminente.

I. O simbolismo do número quarenta na Bíblia.
O número 40 (quarenta) indica um tempo necessário de preparação para algo novo que vai chegar. Observe a presença do número quarenta na Bíblia: 
40 dias e quarenta noites do dilúvio (Gn 7.4-12).
40 dias e 40 noites passa Moisés no Monte (Ex 24.18; 34.26; Dt 9.9-11; 10.10);
40 anos foi o tempo da peregrinação pelo deserto (Nm 14.33; 32.13; Dt 8.2; 29.4, etc.).
40 dias de caminhada de Elias até o monte do Senhor (I Rs 19.8).
O Senhor Jesus jejuou 40 dias antes de começar o seu ministério (Mt 4,2; Mc 1,12; Lc 4,2);
A Ascensão de Jesus acontece 40 dias depois da Ressurreição (At 1,3).

II. A Quaresma como caminho para a Páscoa.
A quaresma é mencionada pela primeira vez no Concílio de Nicéia (325 d.C.). Foi criada a partir de duas práticas da Igreja Primitiva: O longo jejum anterior à Páscoa (pratica judaica) e o período de preparação para o batismo. 
Desde o II século o candidato ao batismo esperava três anos para ser batizado. O batismo ocorria uma vez ao ano, no dia da Páscoa. Na Sexta feira ele ia à igreja e colocava as roupas de neófitos. Ali ficava em jejum até o Domingo da ressurreição onde era batizado nu, em geral por derramamento. 
O número quarenta foi determinado pela duração do jejum do Senhor Jesus no deserto. Para alguns líderes da igreja do passado, a quaresma terminava na Quinta-feira Santa e a contagem de 40 dias não contemplava os sábados e domingos.
A quaresma passou ser um caminho de oração, jejum e arrependimento como preparação para a devida celebração da Paixão e Ressurreição do Senhor.

III. A Quarta-feira de Cinzas
No século VII d.C. foram acrescentados quatro dias antes do primeiro domingo da Quaresma estabelecendo os quarenta dias de jejum, para imitar o jejum de Cristo no deserto. Assim a quaresma começava na quarta-feira de cinzas.
Era prática comum em Roma que os penitentes (arrependidos de seus pecados) começassem sua penitência pública no primeiro dia de Quaresma. Eles eram salpicados de cinzas, vestidos com sacos e obrigados a manter-se longe até que se reconciliassem com a Igreja na Quinta-feira Santa ou a Quinta-feira antes da Páscoa. 
Quando estas práticas caíram em desuso (do século VIII ao X) o início do Tempo da Quaresma foi simbolizada colocando cinzas nas cabeças de toda a congregação.
Hoje em dia na Igreja católica, na Quarta-feira de Cinzas, o cristão recebe uma cruz na fronte com as cinzas obtidas da queima das palmas usadas no Domingo de Ramos do ano anterior. 
Esta tradição católica ficou como um simples serviço em algumas Igrejas protestantes como a anglicana e a luterana. A Igreja Ortodoxa começa a quaresma desde a segunda-feira anterior e não celebra a Quarta-feira de Cinzas.
Para nós a quarta-feira de cinzas é o início da preparação para a Semana Santa e para a Páscoa.
As leituras da Quarta-feira de cinzas para os anos A,B e C são as mesmas: Jl 2:1-2, 12-17 ou Is 58:1-12; Sl 51:1-17; 2 Co 5:20b-6.10; Mt 6:1-6, 16-21.

IV. O Livro de Oração Comum, a Quarta-feira de Cinzas e o Primeiro Domingo da Quaresma
Na coleta de Quarta-feira de cinzas a oração do Livro de Oração comum diz: 
“Onipotente e Eterno Deus, que amas tudo quanto criaste, e que perdoas a todos os penitentes; cria em nós corações novos e contritos, para que, lamentando deveras os nossos pecados e confessando a nossa miséria, alcancemos de ti, Deus de suma piedade, perfeita remissão e perdão; por nosso Senhor Jesus Cristo, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
A oração do Primeiro Domingo da Quaresma nos leva a refletir sobre a tentação do Senhor:
"Onipotente Deus, cujo bendito Filho foi conduzido pelo Espírito para ser tentado pelo demônio, apressa-te em socorrer a nós, que somos assaltados por muitas tentações, nós te rogamos. E, assim como conheces as fraquezas de cada um de nós, permite que cada qual encontre em ti o poder de salvação. Por Jesus Cristo teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém. 

V. A Quaresma na Igreja Metodista.
O Colégio Episcopal na Carta Pastoral sobre o Culto na Igreja Metodista dá a seguinte orientação sobre a Quaresma:
“A Quaresma: Da Quarta-feira de cinzas ao Domingo de Ramos, este período enfatiza a importância da contrição, do preparo e da conversão. Inicia-se no 40° dia antes da Páscoa, sem contar os domingos. O início, na Quarta-feira de cinzas, retorna à tradição bíblica do arrependimento com cinzas e vestes de saco (Jn 3.5-6). É um momento oportuno para refletir sobre a confissão e o valor do perdão de Deus. Sua espiritualidade enfatiza momentos de preparo na história bíblica geral e da vida de Jesus: • Quarenta dias de Jesus no deserto (Mt 4.2; Lc 4.1ss) • Quarenta anos do povo no deserto (Ex 16.35) • Elias em direção ao Horeb (1Rs 19.8).
Cores da Quaresma: roxo ou lilás. Essas cores enfatizam a preparação, a expectativa, a saudade, a contrição e o arrependimento. (...) 
Símbolos da Quaresma: • Cinzas, referindo-se ao arrependimento; • Ramos, lembrando a entrada triunfal; • Coroa de espinhos e os cravos, rememorando o sofrimento de Cristo”. (Carta Pastoral sobre o Culto na Igreja Metodista).

VI. A Quaresma no calendário Cristão.
Com a Quaresma tem início o Tempo Pascal. Estramos na celebração dos quatro períodos litúrgicos: Quaresma, Semana Santa, Páscoa e Pentecostes. 
A Quaresma abre as portas para este período de vivencia do sacrifício, morte e ressurreição do Senhor. O Centro do calendário Cristão é a Páscoa e a quaresma é a preparação para este momento de oração e contrição.

VII. Como viver o período Quaresmal?
Os domingos: Os domingos da Quaresma são ricos. Os Evangelhos e os textos Bíblicos convidam para o arrependimento e nos preparam para o sacrifício do Senhor.
Lecionário: Leia as leituras Bíblicas de cada domingo que são apresentadas no final do Boletim, segundo o Lecionário Comum.
Jejum: Faça jejum uma vez por semana, de preferência na sexta-feira lembrando-se da morte do Senhor. Caso tenha dúvidas, por motivo de saúde, pergunte ao seu médico sobre a duração do jejum e o que não poderá se abster nestas horas.
Abstinência: Faça abstinência em oração e consagração de alguma coisa importante para você. (televisão, carne, refrigerante, etc.).
Oração: Coloque diante de Deus diariamente sua vida e família e clame por conversão e unção de Deus para que possamos viver verdadeiramente a justiça e a paz de Cristo no mundo.
Leituras de Espiritualidade: Procure leituras próprias para este período. Livros que falem sobre oração, jejum, conversão, perdão, etc.
Caridade: Não apenas na Quaresma, mas em todo o tempo, viva o jejum praticando a Caridade e o amor ao próximo.
Conversão: Todo tempo pensamos na necessidade de conversão. A Quaresma nos ajuda a aprofundar este exame pessoal e nos convida ao arrependimento e a volta para o Senhor.
Retiros Quaresmais: Participe de Retiros Quaresmais. Estaremos em Retiro todas as Sextas-feiras da Quaresma, das 7 horas da manhã às 7:40h.

Conclusão:
A Quaresma foi a primeira campanha de oração da Igreja. Uma campanha de Oração de preparação para o Santo Batismo que ocorria sempre na vigília da Páscoa.
Que esta quaresma seja uma grande campanha de santidade e discipulado em nossa vida. Vamos nos preparar para o Domingo de Ramos, a Semana Santa e a ressurreição do Senhor.

Livros recomendados para Quaresma:
• É Tempo de Quaresma – Editora Sinodal. Este livro-presente reflete o significado da Quaresma na vida das pessoas cristãs e apresenta propostas de exercícios quaresmais.
• Celebrar Páscoa em Família e Comunidade. Organização: Alfredo Jorge Hagsma, Vera Regina Waskow. Editora Sinodal.
• Ele escolheu Você. Max Lucado. CPAD.
• Ciclo da Páscoa (O) . Celebrando a redenção do Senhor Bruno Carneiro Lira (Org.) Editora Paulinas.
• Convertei-vos e crede no evangelho. Meditações para o tempo da Quaresma e Tríduo Pascal - Valter Maurício Goedert Editora Paulinas.
• Páscoa (A) - Uma passagem para aquilo que não passa. Raniero Cantalamessa Editora Paulinas.
• Preparando a Páscoa - Quaresma, Tríduo Pascal, Tempo Pascal. Ione Buyst Editora Paulinas.
• Caminho Pascal da Quaresma (O) . José Humberto Motta Editora Paulinas