Algumas igrejas olham para as nossas tradições
litúrgicas e acham estranhas. Alguns chegam a dizer que somos “católicos
melhorados”. Muitos, por falta de conhecimento, desprezam nossa liturgias e ritos, uso de óleo para unção,
vestes clericais, genuflexão no altar e imposição das mãos.
O termo “puritano” no sentido pejorativo atual
significa rigidez, moralismo, intolerância. Contudo, foi um movimento muito
influente na Inglaterra e a principal tradição religiosa na história dos Estados
Unidos.
Este movimento em prol da reforma da Igreja da
Inglaterra teve início no reinado de Elizabete I (1558) e continuou por mais de
um século como uma grande força religiosa na Inglaterra e também nos Estados
Unidos.
Foi um movimento religioso protestante dos séculos
16 e 17 que buscou “purificar” a Igreja da Inglaterra de toda aparência com o
catolicismo. O movimento foi calvinista quanto à teologia e presbiteriano ou
congregacional quanto ao governo eclesiástico.
Sabemos que o protestantismo inglês sofreu a
influência de Lutero e especialmente da teologia reformada continental, a
Reforma Suíça de Zurique (Zuínglio, Bullinger) e Genebra (Calvino, Beza).
Henrique VIII (1509-1547) usou a reforma
protestante na Inglaterra e forjou a criação de uma igreja católica nacional
inglesa. Em 1539, impôs os Seis Artigos, com severas punições para
os transgressores (“o açoite sangrento de seis cordas”).
Em sua doutrina, a Igreja nacional católica inglesa
incluía a transubstanciação, a comunhão em uma só espécie, o celibato clerical,
votos de castidade para leigos, missas particulares, confissão auricular, etc.
Seria uma verdadeira igreja católica nacional.
Muitos protestantes se opuseram ao cerimonialismo e
tiveram que fugir da Inglaterra; entre eles, Miles Coverdale e John Hooper.
Na época de Eduardo VI (1547-1553) a
influência dos partidários de uma reforma profunda da igreja inglesa se tornou
mais forte. John Hooper dispôs-se a aceitar um bispado que lhe foi oferecido,
mas não a ser investido no ofício do modo prescrito, com o uso das vestes
litúrgicas. Acabou sendo lançado na prisão por algum tempo. Foi o primeiro a
expor claramente o argumento acerca das vestes. Para ele as vestes clericais eram
resquícios do catolicismo. Começa a surgir uma nítida distinção entre
anglicanismo e puritanismo.
Com Maria I (1553-1558), a sanguinária, tudo
piorou. Ela tentou restaurar a Igreja Católica na Inglaterra e perseguiu os
líderes protestantes. Muitos foram executados – Hugh Latimer (†1555), Nicholas
Ridley (†1555) e Thomas Cranmer (†1556) – mártires marianos. Outros fugiram
para o continente (Genebra, Zurique, Frankfurt), entre eles John Knox e William
Whittingham, o principal responsável pela Bíblia de Genebra. Nesse período
surgiram em Londres as primeiras igrejas independentes.
Com Elizabete I (1558-1603), apesar favorável
aos protestantes, os puritanos se decepcionaram amargamente. A rainha continuou
a controlar a igreja, manteve os bispos e as cerimônias litúrgicas. Ela que
criou a Igreja Anglicana como a conhecemos hoje.
Os puritanos passaram a ter este nome a partir da “Controvérsia
das Vestimentas” (1563-1567). Foi um protesto contra vestimentas clericais (eles
propunham o uso de togas genebrinas), cerimônias como ajoelhar-se à Ceia do
Senhor, dias santos e sinal da cruz no batismo.
Carlos I (1625-1649) manteve a política de
repressão contra os puritanos, o que levou um grupo a ir para Massachusetts em
1630. No final do seu reinado, entrou em guerra contra os presbiterianos
escoceses e contra os puritanos ingleses. Estes eram maioria no Parlamento e
convocaram a Assembléia de Westminster (1643-49), que elaborou os famosos e
influentes documentos da fé reformada.
Carlos II (1660-1685) - expulsou cerca de 2000
ministros puritanos da Igreja da Inglaterra. A Grande Expulsão (1662) marcou o
fim do puritanismo anglicano. Embora perseguidos, sobreviveram como dissidentes
(“dissenters”) fora da igreja estatal e eventualmente criaram igrejas batistas,
congregacionais e presbiterianas.
O puritanismo americano foi muito dinâmico e
influente por pouco mais de um século, desde os primórdios na Nova Inglaterra
(1620) até o Grande Despertamento (1740). Alguns nomes notáveis dessa tradição
foram John Cotton, William Bradford, John Winthrop, John Eliot, Thomas Hooker,
Cotton Mather e Jonathan Edwards. Herdeiros recentes da tradição puritana:
Charles H. Spurgeon, D. M. Lloyd-Jones, J. I. Packer, James M. Boice e outros.
Eles entendiam que a Igreja Inglesa devia adotar
como modelo as igrejas reformadas do continente. O puritanismo influenciou a
tradição reformada no culto, governo eclesiástico, teologia, ética e
espiritualidade.
O sentido original do termo “puritano” apontava
para a purificação da igreja, na medida em que os puritanos queriam descartar
os elementos arquitetônicos, litúrgicos e cerimoniais que consideravam
conflitantes com a simplicidade bíblica. Por exemplo, eles objetavam contra o
sinal da cruz no batismo e a genuflexão para receber a Santa Ceia (Ceia mesa a
mesa no altar).
Ao invés de paramentos elaborados (sobrepeliz),
eles preferiam uma toga preta que simbolizava o caráter do ministro como um
expositor culto da Bíblia.
Sofrendo oposição dos bispos e estando
comprometidos com uma eclesiologia que dava ênfase à igreja como uma comunidade
pactuada, muitos puritanos rejeitaram o episcopado.
Por causa desta influência histórica puritana, muitas
igrejas da atualidade não aceitam nosso Calendário Cristão, vestes litúrgicas,
unção com óleo e o ritual.
A OESI é carismática, evangelical e litúrgica-sacramental.
Fonte pesquisada: OS PURITANOS: SUA ORIGEM E SUA HISTÓRIA. Alderi Souza
de Matos. In: http://www.mackenzie.br.
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