Solene Oração pelo Início da Quaresma
Baseada nos Escritos dos pais da Igreja
Introdução:
E nós, meus irmãos, nós que recebemos do
Invencível Combatente as sagradas práticas da Quaresma, saibamos repelir os
desejos da carne e mortificar o corpo com jejuns, a fim de que cresçam as
virtudes na nossa alma. Jejum das funestas paixões e prazeres, jejum de toda a
injustiça, jejum do odioso espírito de rivalidade. Renunciemos, meus irmãos,
aos festins, mas renunciemos mais ainda aos nossos vícios. Saibamos escolher a
temperança. Abster-nos do vinho, a fim de que saibamos resistir à embriaguez
dos prazeres. De que nos servirá, com efeito, jejuar durante quarenta dias se
não respeitarmos a lei do jejum? De que nos serve fugir aos banquetes, se
ocuparmos em discórdias os nossos dias? De que nos serve não comer o pão que
nos cabe, se tirarmos a comida da boca do pobre? O jejum para o cristão que
escolhe as privações deve ser alimento espiritual. O jejum para o cristão deve
preparar a paz e não as lutas. De que te serve não comer carne, se da tua boca
se soltam injúrias piores que qualquer alimento? De que te serve santificar o
estômago com jejuns, se as mentiras te mancham a boca? Em verdade te digo, meu
irmão, que não tens o direito de entrar na Igreja se continuas enredado e
envolvido nas malhas mortais da usura voraz, que não tens o direito de invocar
o teu Senhor se as tuas orações vêm do teu coração invejoso; que não tens o
direito de bater no peito se nele se escondem os teus maus desejos. A moeda que
deres ao pobre só será justa, quando fores pobre também. Eis, irmãos muito
amados, a verdadeira fome religiosa, eis o alimento das almas tementes a Deus.
As almas que santificaram o jejum pela castidade, que o tornaram alegre pela
caridade, que o aformosearam pela paciência, que o acalentaram
pela bondade, que lhe deram o seu justo preço pela
humildade. Meus irmãos, vivamos a Quaresma de Cristo com todas as nossas forças
e, pela prática daquelas virtudes, façamos que seja nossa, pelos dois gêmeos
jejuns do corpo e do espírito, a graça divina. Amém (Máximo de Turim (380-465) – As práticas Quaresmais).
Adoração:
Nós, os novos batizados, os filhos do batistério que
acabamos de receber a luz, damos-Te graças, Cristo Deus. Tu iluminaste-nos com
a luz do Teu rosto, Tu revestiste-nos com a veste que convém às Tuas núpcias
(Sl 4, 7; Mt 22, 11). Glória a Ti, glória a Ti, porque tal foi do Teu
agrado. Quem dirá, quem mostrará ao primeiro homem criado, Adão, a
beleza, o brilho, a dignidade dos seus filhos? Quem contará também à infeliz
Eva que os seus descendentes se tornaram reis, revestidos de uma veste de
glória, e que com grande glória glorificam Aquele que os glorificou, brilhantes
de corpo, de espírito e de veste? […] E quem os exaltou? Foi, evidentemente, a
sua Ressurreição. Glória a Ti, glória a Ti, porque tal foi do Teu agrado. […]
Tu és brilhante e radioso, Adão. […] Ao ver-te, o teu adversário definha e
exclama: Quem é este que vejo? Não sei. O pó foi renovado (Gn 2, 7), as cinzas
foram divinizadas. O pobre doente foi convidado, foi refrescado, entrou e
sentou-se à mesa, foi conduzido ao banquete e tem a audácia de comer e o
desplante de beber Aquele que o criou. E quem Lho deu? Foi, evidentemente, a
sua Ressurreição. Glória a Ti, glória a Ti, porque tal foi do Teu agrado.
Esqueceu as suas culpas antigas, não ostenta a menor cicatriz dos primeiros
ferimentos. Abandonou os seus longos anos de paralisia na piscina, como tinha
feito o paralítico, e deixou de trazer o leito aos ombros, mas traz às costas a
cruz Daquele que teve piedade dele […]. Outrora, o Amigos dos homens lavou muitos
homens nas águas, mas eles não brilharam assim; àqueles, porém, a Ressurreição
tornou-os luminosos. Glória a Ti, glória a Ti, porque tal foi do Teu agrado.
[…]. Eis-te recriado, novo batizado, eis-te renovado; não curves as costas ao
peso dos pecados. Possuis a cruz como cajado, apóia-te nela. Leva-a à tua
oração, leva-a para a mesa, leva-a para o leito, leva-a para todo o lado como
título de glória. […] Grita aos demônios: Com a cruz na mão, ergo-me, louvando
a Ressurreição. Glória a Ti, glória a Ti, porque tal foi do Teu agrado (Romano,
o Melodista (490-556) – A Quaresma é o caminho da
renovação).
Confissão:
Meu Deus,
na Tua compaixão
derrama sobre mim o olhar do Teu amor
E recebe a minha ardente confissão.
derrama sobre mim o olhar do Teu amor
E recebe a minha ardente confissão.
Pequei
mais do que todos os homens,
pequei só contra Ti, Senhor;
faz-me participar da Tua misericórdia,
meu Salvador, porque me criaste. […]
Meu Redentor, manchei a Tua imagem e semelhança (Gn 1, 26), […]
desfiz em farrapos o vestuário de perfeição
que o próprio Criador fabricou para mim e estou nu;
em seu lugar quis usar uma farpela rasgada,
obra da serpente que me seduziu (Gn 3, 1-5). […]
Fiquei fascinado com a beleza
da árvore que traiu a minha inteligência:
agora estou nu e coberto de vergonha. […]
pequei só contra Ti, Senhor;
faz-me participar da Tua misericórdia,
meu Salvador, porque me criaste. […]
Meu Redentor, manchei a Tua imagem e semelhança (Gn 1, 26), […]
desfiz em farrapos o vestuário de perfeição
que o próprio Criador fabricou para mim e estou nu;
em seu lugar quis usar uma farpela rasgada,
obra da serpente que me seduziu (Gn 3, 1-5). […]
Fiquei fascinado com a beleza
da árvore que traiu a minha inteligência:
agora estou nu e coberto de vergonha. […]
O pecado
me revestiu de túnicas de pele (Gn 3, 21),
agora que fui despojado
das vestes tecidas pelo próprio Deus. […]
E, como a prostituta, grito:
pequei contra Ti, só contra Ti.
Ó Salvador, acolhe as minhas lágrimas,
como aceitaste o perfume da pecadora (Lc 7, 36 ss.)
agora que fui despojado
das vestes tecidas pelo próprio Deus. […]
E, como a prostituta, grito:
pequei contra Ti, só contra Ti.
Ó Salvador, acolhe as minhas lágrimas,
como aceitaste o perfume da pecadora (Lc 7, 36 ss.)
E, como o
publicano, grito:
tem piedade de mim, ó Salvador.
Perdoa-me, porque de toda a descendência de Adão
ninguém pecou como eu. […]
Prostrado como Davi,
estou coberto de lama;
Mas assim como ele se lavou nas próprias lágrimas,
lava-me Tu também, Senhor!
tem piedade de mim, ó Salvador.
Perdoa-me, porque de toda a descendência de Adão
ninguém pecou como eu. […]
Prostrado como Davi,
estou coberto de lama;
Mas assim como ele se lavou nas próprias lágrimas,
lava-me Tu também, Senhor!
Ouve os
gemidos da minha alma
e os suspiros do meu coração;
acolhe as minhas lágrimas
e salva-me, meu Redentor.
e os suspiros do meu coração;
acolhe as minhas lágrimas
e salva-me, meu Redentor.
Porque Tu
amas os homens
e queres que todos se salvem.
Faz-me voltar à Tua bondade
e nela me recebe,
porque estou arrependido (André de Creta – (650-740), monge e bispo - Grande Cânon da Liturgia Bizantina da Quaresma).
e queres que todos se salvem.
Faz-me voltar à Tua bondade
e nela me recebe,
porque estou arrependido (André de Creta – (650-740), monge e bispo - Grande Cânon da Liturgia Bizantina da Quaresma).
Louvor:
Naamã era sírio e estava leproso, sem que ninguém o pudesse
curar. Então, uma jovem prisioneira disse-lhe que havia em Israel um profeta
que podia curá-lo da lepra. […] Já é tempo de descobrires quem era aquela jovem
prisioneira. Era a figura da assembleia mais nova de entre as nações, isto é,
da Igreja do Senhor. Antes, quando não possuía ainda a liberdade da graça, fora
humilhada pelo cativeiro do pecado. Mas, a seu conselho, este povo que não era
ainda um povo escutou a palavra dos profetas, da qual duvidara durante muito
tempo. Em seguida, quando acreditou que devia segui-la, o povo foi purificado
de todo o contágio do pecado. Naamã duvidara antes de ser curado; mas tu já
foste curado e por isso não deves duvidar. Já antes te foi dito que não devias
acreditar apenas no que vês ao aproximares-te do batistério, para que digas: «É
este o «grande mistério que nem os olhos viram, nem os ouvidos ouviram, nem
jamais passou pelo pensamento do homem» (1Cor 2, 9)? Eu vejo as águas que via
todos os dias. Vão purificar-me estas águas a que tantas vezes desci sem nunca
ter sido purificado?» Deves reconhecer que a água não purifica sem o Espírito.
Por isso, leste que no batismo as três testemunhas são uma só: a água, o sangue
e o Espírito (1Jo 5, 7-8); porque, se prescindires de uma delas, já não há
sacramento do batismo. Que é a água sem a cruz de Cristo? É um elemento comum,
sem nenhuma eficácia sacramental. Mas também é verdade que sem a água não há
mistério da regeneração: «quem não renascer da água e do Espírito não entrará
no reino de Deus» (Jo 3, 5). Também o catecúmeno acredita na cruz do Senhor
Jesus, com a qual é assinalado; mas, se não for batizado em nome do Pai e do
Filho e do Espírito Santo, não pode receber o perdão dos pecados nem obter o
dom da graça espiritual. Por isso o sírio Naamã mergulhou sete vezes, segundo a
Lei; tu, porém, foste batizado em nome da Trindade. […] Proclamaste a tua fé no
Pai e no Filho e no Espírito Santo. […] Morreste para o mundo, ressuscitaste
para Deus e, de certo modo sepultado naquele elemento do mundo, morto para o
pecado, ressuscitaste para a vida eterna (Rm 6, 4). (Ambrósio de Milão
(340-397), bispo de Milão – A Quaresma é um caminho para o Batismo).
Oração
de Preparação para a Leitura Bíblica:
Kyrios
Senhor e
Mestre da minha vida,
não me abandones ao espírito de preguiça, de desencorajamento
de dominação e de vã tagarelice.
não me abandones ao espírito de preguiça, de desencorajamento
de dominação e de vã tagarelice.
Concede-me
a graça de um espírito de castidade, de humildade,
de paciência e de caridade, a mim, Teu servo.
de paciência e de caridade, a mim, Teu servo.
Sim, meu
Senhor e meu Rei, que eu veja as minhas faltas
e não condene o meu irmão.
Tu, que és bendito pelos séculos dos séculos. Amém.
e não condene o meu irmão.
Tu, que és bendito pelos séculos dos séculos. Amém.
Ó Deus,
tem piedade de mim, pecador.
Ó Deus, purifica-me que sou pecador.
Ó Deus, meu Criador, salva-me.
Perdoa-me os meus numerosos pecados!
Ó Deus, purifica-me que sou pecador.
Ó Deus, meu Criador, salva-me.
Perdoa-me os meus numerosos pecados!
Bendito
Aquele que vem, o nosso Rei»
(Efrém, o
Sírio – (306-373).
Edificação:
Leitura
Bíblica: Mateus 6.1-18
O dia de hoje, meus bem-amados, é da maior importância. É
um dia que nos solicita um grande desejo, uma pressa imensa, um alento vivo,
para nos conduzir ao encontro do Rei dos Céus. Paulo, o mensageiro da Boa Nova,
dizia-nos: «O Senhor está perto. Não vos inquieteis» (Fil 4, 5-6).
[…] Acendamos, pois, as lamparinas da fé; à semelhança das cinco virgens
sensatas (Mt 25, 1ss.), enchamo-las do óleo da misericórdia para com os pobres;
acolhamos a Cristo bem despertos, e cantemos-Lhe com as palmas da justiça na mão.
Beijemo-Lo, derramando sobre Ele o perfume de Maria (Jo 12, 3). Ouçamos o
cântico da ressurreição: que as nossas vozes se elevem, dignas da majestade
divina, e brademos com o povo, soltando esse grito que se escapa das bocas da
multidão: «Hosana nas alturas! Bendito seja Aquele que vem em nome do Senhor, o
Rei de Israel». É razoável chamar-Lhe «Aquele que vem», porque Ele vem sem
cessar, porque Ele nunca nos falta: «O Senhor está próximo de quantos O invocam
em verdade» (Sl 144, 18). «Bendito seja Aquele que vem em nome do Senhor». O
Rei manso e pacífico está à nossa porta. Aquele que tem o trono nos céus, acima
dos querubins, senta-Se, cá em baixo, sobre uma burrinha. Preparemos a casa da
nossa alma, limpemos as teias de aranha que são os mal-entendidos fraternos,
que não haja em nós a poeira da maledicência. Difundamos às mãos-cheias a água
do amor, e apaziguemos todas as feridas criadas pela animosidade; semeemos o
vestíbulo dos nossos lábios com as flores da piedade. E soltemos então, na
companhia do povo, esse grito que brota dos lábios da multidão: «Bendito seja
Aquele que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel». (Proclo de
Constantinopla (390-446),
bispo – A Quaresma prepara para o Dia de Ramos).
Dedicação:
Depois deste tempo consagrado à observância do jejum, a
alma chega, purificada e esgotada, ao batismo. Recobra então as forças
mergulhando nas águas do Espírito; tudo o que tinha sido queimado pelas chamas
das doenças renasce do orvalho da graça do céu. Abandonando a corrupção do
homem velho, o neófito adquire uma nova juventude […]. Através de um novo
nascimento, renasce outro homem, sendo embora o mesmo que tinha pecado. Por
meio de um jejum ininterrupto de quarenta dias e quarenta noites, Elias mereceu
pôr fim, graças à água que veio do céu, a uma seca longa e penosa na terra
inteira (1Rs 19, 8; 18, 41). Extinguiu a sede ardente do solo trazendo-lhe uma
chuva abundante. Estes fatos produziram-se para nos servir de exemplo, para
merecermos, após um jejum de quarenta dias, a chuva bendita do batismo, para
que a água que vem do céu regue toda a terra, desde há muito tempo árida, dos
nossos irmãos do mundo inteiro. O batismo, como uma rega de salvação, porá fim
à longa esterilidade do mundo pagão. É, com efeito, de seca e de aridez
espiritual que sofre todo aquele que não foi banhado pela graça do batismo.
Através de um jejum do mesmo número de dias e noites, o santo Moisés mereceu
falar com Deus, ficar, permanecer com Ele, receber das Suas mãos os preceitos
da Lei (Ex 24, 18). […] Também nós, irmãos muito queridos, jejuamos com fervor
durante todo este período, para que […] também para nós se abram os céus e se
fechem os infernos (Máximo de Turim (380-465), bispo
Sermão 28 – Importância do Jejum na Quaresma).
Sermão 28 – Importância do Jejum na Quaresma).
Bênção Final:
Aproximaste-te, viste a pia batismal e viste também o bispo
perto da pia. E sem dúvida surgiu na tua alma o mesmo pensamento que se
insinuou na de Naaman, o sírio. Pois, embora tenha sido purificado,
inicialmente ele duvidara. […] Temo que alguém tenha dito: «É apenas isto?» Sim,
realmente é apenas isto: ali encontra-se toda a inocência, toda a piedade, toda
a graça, toda a santidade. Viste o que conseguiste ver com os olhos do corpo
[…]; aquilo que não se vê é muito maior […], porque aquilo que não se vê é
eterno […]. Que haverá de mais surpreendente do que a travessia do Mar Vermelho
pelos israelitas, para não falarmos agora apenas do batismo? E, no entanto,
todos os que o atravessaram morreram no deserto. Pelo contrário, aquele que
atravessa a pia batismal, isto é, aquele que passa dos bens terrestres para os
do céu […], não morre, mas ressuscita. Naaman era leproso. […] Ao vê-lo chegar,
o profeta disse-lhe: «Vai, entra no Jordão, banha-te e ficarás curado.» Ele
pôs-se a refletir em si mesmo e disse para consigo: «É apenas isto? Vim da
Síria à Judeia e disseram-me: vai até ao Jordão, banha-te e ficarás curado.
Como se não houvesse rios melhores no meu país!» Os servos diziam-lhe: «Senhor,
por que não fazes o que diz o profeta? Fá-lo, experimenta.» Então ele foi até
ao Jordão, banhou-se e ficou curado. Que significa isto? Viste a água, mas nem
toda a água cura; mas a água que contém em si a graça de Cristo cura. Há uma
diferença entre o elemento e a santificação, entre o ato e a eficácia. O ato
realiza-se com água, mas a eficácia vem do Espírito Santo. A água não cura se o
Espírito Santo não tiver descido e consagrado aquela água. Leste que quando
nosso Senhor Jesus Cristo instituiu o rito do batismo, veio ter com João e este
disse-Lhe: «Eu é que tenho necessidade de ser batizado por Ti. E Tu vens até
mim?» (Mt 3,14). […] Cristo desceu; João, que batizava, estava a Seu lado; e
eis que, como uma pomba, o Espírito Santo desceu. […] Por que desceu Cristo
primeiro e em seguida o Espírito Santo? Por que razão? Para que o Senhor não
parecesse ter necessidade do sacramento da santificação: é Ele que santifica; e
é também o Espírito que santifica (Ambrósio de Milão (340-397), Bispo
de Milão – Quaresma para o Santo Batismo).
Autores dos textos:
Romano, o Melodista (490-556)
Nascido
por volta de 490 em Emesa (hoje, Homs),
na Síria foi um teólogo, poeta e compositor, "pertence à grande
plêiade de teólogos que transformaram a teologia em poesia", nas palavras
do Papa Bento XVI. Sendo uma figura pouco conhecida, Romano permanece na
história como um dos mais representativos autores de hinos litúrgicos. Romano
não adotou o solene grego bizantino da corte, mas um grego simples,
próximo à linguagem do povo. Vivendo em Constantinopla por volta do
final do reinado de Anastácio I Dicoro (518), teria tido uma visão
da Virgem Maria. Maria o teria obrigado a engolir uma folha enrolada, o
que teria lhe dado o dom da poesia [3] . Considerado santo
por várias tradições cristãs, bem como padroeiro do canto ortodoxo,
segundo algumas fontes teria morrido por volta de 560.
Máximo de Turim (380-465)
Foi um bispo e escritor de teologia e é
considerado santo e mártir. É o primeiro bispo que se tem
memória em Turim, considerado o fundador da sua diocese, erigida pela
iniciativa de santo Ambrósio e de santo Eusébio de Vercelli, de
quem o próprio São Máximo se declarava discípulo[1] . Foi
sucedido por São Vítor de Turim. Seu nome consta do martirológio romano no
dia 25 de junho e a cidade de Turim o considera
seu santo padroeiro. Do seu grande empenho apostólico dão testemunho os
numerosos sermões e homilias, escritos com estilo claro e persuasivo. Num deles
ele exorta com firmeza seus fiéis, amedrontados pela aproximação do exército
dos bárbaros a empunhar as armas do “jejum, daoração e
da misericórdia” e aos medrosos que se apressavam a fugir da cidade
diz: “É injusto e ímpio o filho que abandona a mãe no perigo.
A Pátria é sempre uma doce mãe" .
Uma hagiografia sua, pouco confiável, foi escrita depois
do século XI. Ela afirma que um clérigo um dia seguiu São Máximo com más
intenções até uma capela afastada onde ele gostava de se retirar para rezar. O
clérigo subitamente ficou com tanta sede que pediu ajuda a Máximo. Uma corça
apareceu e o santo a fez parar para que o clérigo pudesse tomar de seu leite.
Esta lenda explica o fato de o santo, por vezes, ser representado na arte
apontando para uma corça.
André de Creta (650-740)
Também conhecido como André de
Jerusalém, foi um bispo, teólogo, homilista e
hinógrafo. Nascido em Damasco de pais cristãos, André ficou mudo do
nascimento até os sete anos, quando, de acordo com o seu hagiógrafo, ele
foi milagrosamente curado após ter recebido a Eucaristia. Ele começou a
sua carreira eclesiástica com quatorze anos na Lavra de Mar
Saba, perto de Jerusalém, onde ele rapidamente se fez notar pelos seus
superiores. Teodoro, o locum tenens do Patriarca Ortodoxo
de Jerusalém o fez arquidiácono e o enviou para a capital
imperial Constantinopla como seu representante oficial no Sexto
Concílio Ecumênico (680 - 681), que fora convocado pelo imperador
bizantino Constantino Pogonatos para conter
a heresia do monotelismo. Logo após o concílio, ele foi
chamado de volta de Jerusalém para Constantinopla e foi apontado como
arquidiácono da grande Igreja de Santa Sofia. Eventualmente, ele foi
ascendeu à posição de metropolita de Gortina, em Creta.
Ainda que ele fosse um adversário do monotelismo, ele compareceu
ao sínodo de 712, no qual os decretos do concílio ecumênico foi
abolidos. Mas no ano seguinte ele se arrependeu e retornou à ortodoxia.
Dali em diante ele se ocupou em pregar compondo hinos e seus discursos são
conhecidos pela escolha das frases, digna e harmoniosa, e ele é reconhecido por
isso como um dos principais oradores da época bizantina.
Historiadores eclesiásticos não
compartilham de uma mesma opinião sobre a data de sua morte. O que se sabe é
que ele morreu na ilha de Mitilene enquanto retornava para Creta a
partir de Constantinopla, onde ele estava para resolver assuntos da Igreja.
Suasrelíquias foram posteriormente transladadas para Constantinopla, pois,
em 1350, elas foram vistas pelo peregrino russo Estevão de
Novgorod no Mosteiro de Santo André de Creta
(atual Mesquita Koca Mustafa Paşa), na capital imperial.
Efrém, o Sírio (306-373).
Foi um prolífico compositor de
hinos e teólogo do século IV, venerado por cristãos do
mundo inteiro, especialmente pela Igreja Ortodoxa Síria, como
um santo. Nascido em Nísibis, foi discípulo de Tiago de Nísibis na
famosa escola da cidade. Escapando do avanço do exército sassânida,
fugiu para Edessa onde lecionou por muitos anos. Autor de uma grande
variedade de hinos, poemas e sermões de exegese
bíblica, em verso e em prosa. Suas obras são exemplos de uma teologia prática
voltadas para defesa da igreja em tempos turbulentos e tornaram-se tão
populares que, por séculos após a sua morte, autores cristãos escreveram
centenas de trabalhos pseudepígrafes em seu nome. Efrém tem sido
considerado o mais importante de todos os padres da Igreja na
tradição siríaca da igreja.
Proclo de Constantinopla (390-446),
Foi
um arcebispo de Constantinopla. Foi responsável pela conversão
do tio de Melânia, a Jovem, Volusiano. Amigo e discípulo de João
Crisóstomo, ele se tornou um secretário do arcebispo, Ático (406-425),
que também o ordenou diácono e padre. O sucessor de
Ático, Sisínio I (426-427), o consagrou bispo da cidade
de Cízico, porém seus habitantes se recusaram a aceitá-lo como seu bispo e
ele permaneceu na capital imperial. Com a morte de Sisínio, Nestório o
sucedeu como arcebispo de Constantinopla (428-431). No início de 429, num
festival em homenagem à Teótoco (Virgem Maria), Proclo fez o seu
celebrado sermão sobre a encarnação de Jesus, que posteriormente foi
inserido no começo dos atos do concílio de Éfeso. Quando o
arcebispo Maximiano (431-434) morreu na quinta-feira santa,
Proclo foi imediatamente conduzido ao trono com a permissão
do imperador Teodósio II e dos bispos reunidos em
Constantinopla. Sua primeira preocupação foi o funeral de seu antecessor. Em
seguida, ele enviou aos seus pares, o Patriarca de
Alexandria Cirilo e o Patriarca de Antioquia João, as
costumeiras cartas sinódicas anunciando sua ascensão, que foi
aprovada por ambos. Em 436, os bispos da Armênia o consultaram sobre
uma certa doutrina existente em seu país e a atribuíram a Teodoro de
Mopsuéstia, pedindo que ele a condenasse. Proclo respondeu no ano
seguinte, na celebrada carta conhecida como "Tomo de Proclo", que ele
enviou para os bispos do oriente pedindo que eles a assinassem e que se
juntassem a ele na condenação da doutrina levantada pelos armênios. Eles
aprovaram as cartas, mas, por admiração a Teodoro, hesitaram em condenar as
doutrinas atribuídas a ele. Proclo respondeu que ainda que ele desejasse
que os trechos anexados ao seu Tomo fossem condenados, ele não os tinha
atribuído a Teodoro ou a nenhum outro indivíduo, não desejando assim condenar
ninguém pessoalmente. Uma ordem imperial conseguida por Proclo, declarando seu
desejo de que todos deveriam viver em paz e que nenhuma acusação deveria ser
feita contra ninguém que tenha morrido em comunhão com a igreja apaziguou os
ânimos. O caso como um todo serviu para demonstrar a moderação e o tato de
Proclo. Em 438, ele transferiu as relíquias de seu antigo
mestre, João Crisóstomo, de Comana Pôntica para Constantinopla,
onde ele as enterrou com grandes honras na Igreja dos Doze Apóstolos.
Este ato reconciliou a igreja com os seguidores de João, que tinham se
separado quando ele foi injustamente deposto de seu patriarcado. Em 439, a
pedido de uma missão diplomática de Cesareia, na Capadócia,
ele selecionou como seu novo bispo, Talássio, que estava prestes a ser
nomeado como prefeito pretoriano do Oriente. Neste período Constantinopla
foi varrida por inúmeros terremotos que ocorreram em um período de quatro meses
o que obrigou a população viver temporariamente nos campos próximos. Proclo
morreu provavelmente em julho de 446.
Ambrósio de Milão (340-397).
(Aurélio
Ambrósio) Foi um arcebispo de Mediolano (moderna Milão) que se
tornou um dos mais influentes membros do clero no século IV. Ele
era prefeito consular da Ligúria e Emília, cuja capital
era Mediolano, antes de tornar-se bispo da cidade por aclamação
popular em 374. Ambrósio era um fervoroso adversário do arianismo.
Tradicionalmente atribui-se a Ambrósio a promoção do canto antifonal, um
estilo no qual um lado do coro responde de forma alternada ao canto do outro, e
também a composição do Veni redemptor gentium, um hino natalino.
Ambrósio é um dos quatro doutores da Igreja originais e é notável por
sua influência sobre o pensamento de Santo Agostinho.