Dia da santíssima Trindade
Sermão de António de Pádua e Lisboa (c. 1195-1231), franciscano, Sermões para
o domingo e as festas dos santos.
«Um só Deus, um só Senhor, na trindade das pessoas e na
unidade da natureza» (Prefácio)
O
Pai, o Filho e o Espírito Santo são de uma só substância e de uma inseparável
igualdade. A unidade está na essência, a pluralidade nas pessoas. O Senhor
indica abertamente a unidade da essência divina e a trindade das pessoas quando
diz: «Baptizai em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.» Não diz «nos
nomes», mas «em nome», mostrando assim a unidade da essência. Em seguida,
porém, emprega três nomes, para mostrar que há três pessoas.
Nesta
Trindade se encontra a origem suprema , a beleza perfeita, a alegria
bem-aventurada de todas as coisas. A origem suprema, afirma Santo Agostinho no
seu livro sobre a verdadeira religião, é Deus Pai, de quem provêm todas as
coisas, de quem procedem o Filho e o Espírito Santo. A beleza perfeita é o
Filho, a verdade do Pai, que em nada se distingue dele, que veneramos com o Pai
e no Pai, que é o modelo de todas as coisas, porque tudo foi feito por Ele e
tudo se refere a Ele. A alegria bem-aventurada, a soberana bondade, é o
Espírito Santo, que é o dom do Pai e do Filho; e devemos crer e manter que este
dom é exatamente como o Pai e o Filho.
Ao
contemplar a criação, concluímos pela Trindade de uma só substância.
Apreendemos um só Deus: Pai, de quem somos, Filho, por quem somos, Espírito Santo,
em quem somos. Príncipe, a quem recorremos; modelo, que seguimos; graça, que
nos reconcilia.